Após greve de fome, familiares de internos da Penitenciária de Vila Velha realizaram protesto e denunciaram ação violenta da DOT
Nesta terça-feira (29), familiares de internos da Penitenciária Estadual de Vila Velha 3 (PEVV3) se manifestaram em frente ao Complexo do Xuri. Desde domingo (27), presos fazem greve de fome em protesto à precariedade da comida servida na unidade. A situação se agravou na noite dessa segunda (28), quando a Diretoria de Operações Táticas (DOT) da Polícia Civil foi enviada à unidade.
“Os relatos dizem que não há rebelião, mas os familiares estão sendo impedidos de entrar no complexo, pois todas as visitas da unidade estão suspensas. Ouvimos diversos relatos de tortura e maus-tratos, como revista vexatória, imposição de obrigatoriedade dos presos ficarem nus e sentados no chão quente. Presos doentes e muito magros”, diz a Frente Estadual pelo Desencarceramento do Espírito Santo (Desencarcera-ES) nas redes sociais.
A ativista Crislayne Zeferina, integrante do coletivo Beco, também se manifestou sobre a situação na penitenciária. “Desde ontem [28] estamos recebendo vídeos e áudios de familiares desesperados pelo descaso do poder público com a reivindicação dos detentos em alusão à greve de fome que está acontecendo. A Segurança Pública, ao invés de entrar com diálogo e entender o problema dos presos, entrou com a DOT para mostrar que a violência é mais importante que o diálogo”, denunciou.
As denúncias contradizem nota da Secretaria de Justiça (Sejus) emitida nessa segunda-feira, alegando que a presença da equipe de Operações Táticas no local era “para compreender as reivindicações e acompanhar a manifestação, a fim de garantir a segurança no ambiente prisional”.
De acordo com informações da Frente Desencarcera-ES, a situação, depois, se acalmou. Representantes do Conselho Estadual De Direitos Humanos (CEDH) e da Defensoria Pública foram à penitenciária conversar com os detentos. Já a greve de fome, iniciada há dois dias, continua.
Os presos protestam contra as condições da alimentação servida na unidade, que é gerida por meio de um contrato com a empresa Alimentares Refeições LTDA. A empresa é a mesma que foi investigada pela Sejus em 2018, após a identificação do estoque de alimentos vencidos e prestes a vencer, além de carnes impróprias para consumo.
Eliana Valadares, uma das articuladoras do movimento Desencarcera-ES, informou que vários internos apresentaram quadro de infecção intestinal, com sintomas de diarreia e vômito devido à comida que tem sido servida.
“A Frente Estadual Pelo Desencarceramento vem, há tempo, denunciando essas empresas pela falta de compromisso com a alimentação dos internos. Essa já era uma tragédia anunciada e, até a presente data, nada havia sido feito, então os próprios internos resolveram tomar essa atitude, até que alguma providência seja tomada”, declarou.