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Presos fazem greve de fome em protesto à comida servida em unidade de VV

Denúncias sobre problemas relacionados à qualidade da alimentação são recorrentes no sistema prisional do Estado

CNJ

Internos da Penitenciária Estadual de Vila Velha 3 (PEVV3) realizam, desde domingo (27), uma greve de fome em protesto às refeições servidas na unidade. A Frente pelo Desencarceramento do Espírito Santo (Desencarcera-ES) aponta que os presos denunciam as péssimas condições da alimentação, problema recorrente no sistema capixaba. O contrato da PEVV3 é com a Alimentares Refeições LTDA.

“A Frente Estadual Pelo Desencarceramento vem, há tempo, denunciando essas empresas pela falta de compromisso com a alimentação dos internos. Essa já era uma tragédia anunciada e, até a presente data, nada havia sido feito, então os próprios internos resolveram tomar essa atitude, até que alguma providência seja tomada”, relata Eliana Valadares, uma das articuladoras do movimento Desencarcera-ES. 

Ela informa que os internos mandaram um pedido de ajuda aos familiares, relatando que estavam doentes devido à má qualidade da alimentação. De acordo com Eliana, vários internos, tanto da PEVV3, como da Penitenciária Semiaberta de Vila Velha (PSVV), apresentaram quadro de infecção intestinal, com sintomas de diarreia e vômito.

“Quase todos os dias, a empresa entrega a comida cedo demais e, quando a refeição é passada para os internos, já está tudo azedo devido ao tempo muito quente. Essas comidas são manuseadas cedo. Quando vai para as mãos dos internos, já está em estado avançado, de tão azeda, aí muitos acabam, para não morrer de fome, consumindo esse alimento assim mesmo”, aponta.

Por enquanto, o protesto dos internos ainda não tem prazo para terminar. “Depende das providências que serão tomadas pela Secretaria de Justiça para resolver, de uma vez por todas, essa situação da alimentação dentro dos presídios capixabas”, diz Eliana.

Os problemas na alimentação servida nos presídios tem sido uma denúncia recorrente da Frente Desencarcera-ES. No início de março, um ofício enviado a entidades da sociedade civil apontava irregularidades de duas empresas [Alimentares e a Serv-Food Alimentação] contratadas pelo Governo do Estado para fazer o serviço, enquanto um relatório da seção capixaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES) mostrava o baixo custo das refeições, aproximadamente R$ 18 por dia para cada detento.

“Temos recebido denúncias a respeito da má alimentação no sistema prisional desde a própria fundação deste coletivo, ou seja, no início de 2020. No ano de 2021 as denúncias explodiram, denotando que a situação grave havia piorado para calamitosa e que, portanto, necessitaríamos incidir de forma mais contundente junto aos órgãos estatais para que a garantia dos princípios do mínimo existencial e da dignidade da pessoa humana fossem respeitados”, dizia um trecho do ofício enviado pela Frente Desencarcera na época.

Procurada por Século Diário, a Sejus confirmou que alguns internos da PEVV3 negaram a comida oferecida, mas descartou uma rebelião na unidade. “A equipe de Operações Táticas está no local para compreender as reivindicações e acompanha a manifestação, a fim de garantir a segurança no ambiente prisional”, informou.

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