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Reforço do efetivo não impediu explosão da violência no Carnaval

O movimento de mulheres que tirou a Polícia Militar das ruas por 22 dias foi encerrado oficialmente ao meio-dia do sábado (25). Logo após a liberação dos acessos às unidades da PM, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Nylton Rodrigues, anunciou que todo o efetivo havia retornado ao policiamento, assegurando que a situação estava se normalizando.
 
Somado aos 3,3 mil homens das Forças Armadas e Força Nacional, que permanecem no Estado, o efetivo nas ruas chegou a 13 mil. Isso representa uma média de um policial para cada 300 habitantes. A proporção recomendada pela Organização das Nações Unidas (ONU) é de 1/450. Nos Estados Unidos, por exemplo, a média é de 1/375. 
 
Apesar do reforço, o número de homicídios no Espírito Santo no Carnaval explodiu. De acordo com o Sindicato dos Policiais Civis (Sindipol), 29 pessoas foram assassinadas nos quatro dias de Carnaval. O número é 70% superior aos 17 assassinatos registrados no ano passado. Em todo mês de fevereiro do ano passado foram registrados 122 homicídios contra 229 deste ano.
 
A média impressionante do Carnaval, de mais de sete homicídios por dia, suscita duas considerações: primeiro, as Forças Armadas e a Força Nacional têm muito mais um “efeito presença”, mas não necessariamente de ação. Em situações como a do Espírito Santo, onde havia urgência de se restabelecer a ordem pública, as Forças Armadas causaram esse efeito visual. 
 
O “desfile” de blindados pelas ruas deixou claro que a intenção era impor respeito com a presença. Mas o combate efetivo à criminalidade não ocorreu durante toda a crise na segurança. 
 
A segunda consideração sobre o Carnaval violento se refere à própria PM. Depois de um longo impasse que durou 22 dias, a queda de braço entre os familiares dos militares e o governo do Estado deixou sequelas. A polícia vai demorar muito tempo para juntar seus pedaços. 
 
Os cerca de 10 mil policiais que integram o efetivo da PM estão desmotivados. Durante a paralisação, eles sofreram muita pressão e ameaças. Voltaram às ruas sem conseguir conquistar um único ponto da pauta de reivindicações: nem reajuste salarial, nem melhorias nas condições de trabalho. Não levaram nada e saíram “devendo”. A lista de policiais que podem ser punidos até com a expulsão da Corporação representa quase 30% do efetivo. 
 
Os policiais, como comemorou o coronel Nylton Rodrigues, voltaram às ruas, mas a crise na segurança está longe de acabar. Há um descontentamento muito grande da tropa com o atual comandante da PM, com o secretário de Segurança André Garcia e, sobretudo, com o governador Paulo Hartung (PMDB), que provavelmente não vai poder incluir a gestão na Segurança Público como mais um modelo de sucesso do seu governo.

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