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Romaria pede paz no Território do Bem e fim da violência policial

Padre Kelder afirma que também serão denunciadas as recentes ações policiais no Morro do Macaco

A paróquia Santa Teresa de Calcutá realiza, neste sábado (19), a Romaria das Famílias pela Paz, cuja concentração será a partir das 17h, na praça de Itararé, rumo à comunidade católica São Miguel, na parte alta. Os participantes irão pedir paz para o Território do Bem, que abrange os bairros Itararé, Jaburu, Bairro da Penha, Bonfim, Engenharia, Consolação, Floresta, Gurigica e São Benedito, mas não se esquecerão das recentes ações policiais no Morro do Macaco, que assim como o Território do Bem, faz parte da região da Grande Maruípe.

A romaria faz parte da Semana da Família, realizada pela Igreja Católica anualmente, no mês de agosto. “Queremos denunciar a violência e conscientizar para a construção da cultura de paz. A gente quer políticas humanizadas, com diálogo com as comunidades, menos armamento”, diz padre Kelder Brandão, da paróquia Santa Teresa de Calcutá e coordenador do Vicariato para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória.

Kelder afirma que “não é de hoje que se denuncia a criminalização da periferia”, mas isso tem se intensificado após a morte do aposentado Daniel Ribeiro Campos da Silva, atingido na cabeça por uma bala perdida. Ele estava internado há dois anos em hospital da Avenida Leitão da Silva. O aposentado morreu durante um tiroteio que aconteceu na madrugada do dia 26 de junho.
Kelder relata que antes do ocorrido com Davi, uma adolescente de 16 anos, do Território do Bem, chamado Carlos Eduardo Cabral de Oliveira, foi asfixiado e espancado por volta das 23h30 e morreu a caminho do Hospital São Lucas. A PM saiu do local por volta de 1h. Em seguida, o “movimento” foi para a avenida Leitão da Silva, a polícia retornou e acabou adentrando o hospital no qual o aposentado estava internado.
A partir daí, prossegue Kelder, a polícia intensificou suas ações na região, havendo várias mortes que não repercutiram na imprensa local. O sacerdote critica o fato de, normalmente, esse tipo de ocorrência ser chamado de “conflito com a polícia”.

“É conflito com a polícia, mas ela sai sem nenhum arranhão. Não é só conflito, é prática de criminalização”, aponta, questionando a falta de apuração a respeito de fornecimentos de armas para o tráfico. “Quem está fornecendo arma, granada? Como padre digo que não foram os anjos”, critica. Diante da intensificação da violência policial, afirma o sacerdote, ele resolveu aumentar seu tom em relação a essas ações.

Kelder recorda, ainda, que uma homilia sua, na qual fez críticas a um vídeo postado nas redes sociais do secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social, Alexandre Ramalho, no qual expõe um adolescente, teve grande repercussão. O mesmo aconteceu na homilia na qual questiona uma outra atitude do secretário, que proferiu a frase “ou desce o morro e se entrega ou desce no saco preto”. 
O sacerdote rememora também que, em 13 de julho, durante uma audiência pública para elaboração do Plano Plurianual – planejamento orçamentário de médio prazo do Governo Federal, ocorrida no Espaço Patrick Ribeiro, no aeroporto, ativistas dos direitos humanos protestaram, mostrando fotos das ações no Território do Bem, o que, de acordo com ele, “causou desconforto”, 

culminando na “invasão” da PM ao pátio da igreja em 16 de julho, o que se repetiu poucos dias depois.

Apesar de o foco principal ser o Território do Bem, também serão recordadas, durante a Romaria, as ações policiais ocorridas esta semana no Morro do Macaco, em Vitória, com cinco pessoas mortas. Segundo as autoridades policiais, as mortes ocorreram em confronto com a polícia, que intensificou a presença na região. “Tem relação com o Território do Bem porque é próximo, também faz parte da Grande Maruípe, e muitas pessoas se conhecem entre esses bairros, tem relação familiar, de amizade”, aponta Kelder.


‘Estão tentando intimidar o padre Kelder, mas não vamos aceitar’

Movimentos farão missa em desagravo à entrada de policiais com cães farejadores nas dependências de igreja em Itararé


https://www.seculodiario.com.br/seguranca/estao-tentando-intimidar-o-padre-kelder-mas-nao-vamos-aceitar

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