O estúpido crime da nutricionista Camila dos Santos Lopes, 29 anos, cruelmente assassinada na última quinta-feira (18), em São Mateus, norte do Estado, choca pela brutalidade. Mas, infelizmente, são episódios de violência recorrentes num município que ostenta taxas de homicídios de guerra civil.
Entre os anos de 2012 e 2015, a taxa média de homicídios em São Mateus, de acordo com dados da Secretaria de Segurança, foi de 54,5 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes, ou seja, mais que o dobro da taxa nacional, que é de 25,8.
A violência em São Mateus segue na contramão do discurso do secretário de Segurança Pública André Garcia, que tem festejado a redução dos índices gerais de assassinatos no Estado. Em janeiro, Garcia afirmou que a taxa de 2015 foi de 35,4/100 mil habitantes, quatro pontos a menos que em 2014, que ficou em 39,4.
Se no Estado o secretário indica a tendência de queda — embora os números estejam ainda bem acima na média nacional —, em São Mateus a situação é preocupante. A reportagem de Século Diário, sempre com base nos dados da Sesp, levantou as taxas de homicídios nos últimos quatro anos no município. Em 2012, São Mateus registrou 68,4 assassinatos por 100 mil habitantes; em 2013, o índice caiu para 54,2; em 2014, houve nova queda: 44,6; mas em 2015 voltou a subir para 51,6.
As oscilações apontam que não existe tendência consolidada de queda nas taxas de homicídios de São Mateus. Mais assustador que os dados estatísticos é a percepção de violência do morador do município que, com toda certeza, se sente inseguro nas ruas de São Mateus ou mesmo trancado dentro de casa, com direito a grades, alarmes e cachorro no quintal.
O crime hediondo que tirou estupidamente a vida da nutricionista, como não podia ser diferente, sensibilizou a população mateense para o problema da violência. É importante que as pessoas, tomadas pelo sentimento de indignação, cobrem do poder público a adoção de políticas efetivas que sejam capaz de reduzir as taxas de homicídios. A população mateense não pode se conformar em “sobreviver” como taxas de guerra civil.