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Iases tem seis servidores infectados por Covid-19

Cinco são servidores do Instituto e um é terceirizado. Há, ainda, suspeita de quatro casos entre os servidores

Foram confirmados cinco casos de contágio de Covid-19 entre os servidores do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases). Outros quatro servidores estão com suspeita da doença e um trabalhador terceirizado também está infectado. Não há casos de suspeita ou infecção entre os internos.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos do Espírito Santo (Sindipúblicos), Tadeu Guerzet, a entidade estuda a possibilidade de garantir judicialmente que sejam feitos testes em todos servidores e internos, com afastamento para tratamento de saúde dos que testarem positivo para Covid-19 e a dispensa dos demais. 

Quanto aos internos, Tadeu afirma que é preciso que retornem para casa. O presidente do sindicato recorda que já são mais de 80% de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados e que o restante vai esgotar em breve. Ele aponta que, além de não ter vagas nos hospitais, não terá também nos cemitérios, portanto, segundo ele, uma medida considerada extrema para muitos, como a dispensa dos servidores do Iases e o retorno dos internos para a casa, se faz necessária. 

“A tendência é não levar a sério esse tipo de medida até que as retroescavadeiras comecem a jogar terra em vala comum. Depois disso, iniciativas que parecem extremas, malucas, farão sentido, mas é triste ter que chegar a esse ponto”, afirma Tadeu.

No caso do governo não atender às reivindicações, ele defende que seja garantido um número mínimo de servidores no sistema socioeducativo e, até mesmo, uma fiscalização da rotina diária do servidor fora de seu local de trabalho.

“Não adianta fazer o controle no horário do expediente, aí depois o cara vai para casa, passa no boteco, encontra com a sogra, vai na casa do amigo, pega vírus e leva para dentro da unidade. São medidas extremas que podem vir a ser necessárias”, defende.

Segundo o presidente do Sindipúblicos, o sindicato exigiu do Iases o fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), além de outras medidas de prevenção, como distanciamento entre as pessoas, principalmente na entrada das unidades. Entretanto, a fiscalização por parte do sindicato é dificultada pela própria necessidade de isolamento. A entidade está fechada e muitos diretores são idosos, portanto, do grupo de risco.

Servidores do Iase afirmam que as medidas de prevenção adotadas são ineficientes, pois não foram todos que receberam máscaras. Algumas, apontam, foram entregues somente esta semana. Eles relatam, ainda, que entre os infectados estão pessoas que atuam na portaria, fazendo a vistoria de objetos dos servidores, o que torna a situação ainda mais preocupante devido ao contato físico que a função exige. 
O militante do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) e do Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra (CDDH), Gilmar Ferreira, também mostra preocupação com a situação. “O servidor é infectado, depois infecta sua própria família e os internos que estão sob cuidado do Estado”, afirma. Ele reitera que o Judiciário capixaba deveria ter acatado orientação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pelo desencarceramento no sistema prisional e a desinternação no sistema socioeducativo. As contaminações em ambos os espaços já eram previsíveis, reforça Gilmar.
Um dos motivos para essa previsibilidade é o fato de que o Sistema Único de Saúde (SUS) é muito mais inacessível para pessoas em espaços de privação de liberdade. “Nosso modelo de saúde em tempos normais não chega a essa população, imagine agora em meio à pandemia. São ambientes com pouca fiscalização, onde as pessoas vivem um contexto de criminalização e consideradas não merecedoras de direitos”, afirma Gilmar.

Medidas

O Iases confirmou os casos e afirmou que os servidores foram afastados do trabalho assim que apareceram os sintomas gripais. Atualmente, se recuperam em isolamento residencial, apresentando quadros sem agravamento. 

Um deles de fato atuava no processo de revista da portaria de uma unidade e, segundo o Instituto, o último dia da sua escala foi 12 de abril, vindo a apresentar sintomas três dias depois, quando ainda estava de folga, sendo orientado a permanecer em isolamento residencial. Até o momento, garante, nenhum profissional que esteve em contato com ele apresentou sintomas.

Sobre os servidores assintomáticos que estabeleceram contato com os profissionais contaminados, o Iases afirma que têm sido acompanhados em relação ao surgimento de sintomas e orientados ao uso permanente da máscara no ambiente de trabalho e a higienização frequente das mãos.

“O Iases reforça que tem adotado um protocolo rigoroso de prevenção e controle da doença que está sendo seguido por todas as unidades socioeducativas, com o objetivo de reduzir o risco de contágio no sistema socioeducativo”, diz. Entres os pontos, aponta reforço na higienização, ajustes nas jornadas de servidores para reduzir o fluxo de entrada e saída das unidades e evitar aglomerações; e instalação de barreiras sanitárias nas portarias.

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