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Sem aferição, teste do bafômetro estaria sem validade no Espírito Santo

Há duas semanas, num domingo (25), um entregador de pizzas morreu após ser violentamente  atingido por uma caminhonete L 200, na avenida Carlos Lindenberg, em Vila Velha. O motoboy de 46 anos estava parado, aguardando o semáforo abrir quando foi literalmente atropelado pelo motorista da caminhonete que, segundo a polícia, apresentava sinais de embriaguez.
Além da violência do trânsito fazer mais uma vítima, o infortúnio trazia uma informação preocupante. A polícia, percebendo que o empresário estava alcoolizado, submeteu o motorista ao teste do bafómetro, que apontou 0,66 miligramas de álcool por litro de ar expelido dos pulmões.
Minutos depois, porém, os policiais pediram ao empresário de 56 anos que repetisse o teste. Os policiais alegaram que o etilômetro usado no primeiro teste poderia trazer problemas, pois deveria ter sido vistoriado no dia 8 de outubro.
O motorista, porém, se recusou a fazer o novo teste. Foi atuado, mesmo assim, porque apresentava sinais de embriaguez. Na delegacia, pagou R$ 50 mil de fiança e evitou a prisão.  
A PM não explicou por que os policiais usaram um bafômetro “vencido”. O silêncio da PM aumentou a suspeição sobre a falta de aferição dos aparelhos de bafômetro, que vem circulando há alguns dias nas redes sociais e entre os próprios policiais. Uma postagem no perfil do Facebook Polícia Capixaba, obviamente alimentado por policiais militares, joga luz sobre o mistério dos bafômetros. 
A postagem do Polícia Capixaba feita nesse sábado (7) esclarece que o governo do Estado não renovou o contrato de aferição dos etilômetros. Sem aferição, os testes não têm validade. Os policiais do Batalhão de Trânsito, segundo o perfil, já sabem que os testes não tem validade, tanto que os aparelhos não têm sido levados para as blitze. “Os policiais do BPTran não estão levando os aparelhos para os pontos de bloqueios de suas blitze, o que significa que os cidadãos do ES estão expostos aos riscos da violência no trânsito, já que os militares não poderão atuar de forma significativa na operação contra a embriaguez ao volante”, alerta a postagem.
Em seguida, o texto eleva o tom das críticas ao governo do Estado. “A PM sofre mais uma vez na mão deste governo insensato e covarde, que deixará impunes aqueles que insistem em beber e dirigir; o Estado permitirá que inocentes morram nas mãos dos infratores da lei. A Polícia Militar tenta tapar o sol com a peneira, mantendo os pontos de fiscalização apenas para se fazer presente ostensivamente e, assim, tentar reduzir de alguma forma os impactos resultantes da falta dos instrumentos necessários para uma operação eficaz”. 
A postagem adverte que se qualquer motorista pedir espontaneamente para fazer o teste, não poderá fazê-lo, pois não há bafômetros aferidos. “Quem quiser tirar a prova pode fazer o teste e questionar os policiais sobre o aparelho. Aqueles que forem autuados por recusa ao teste do etilômetro busquem certificar-se sobre a existência do aparelho no local, pois estes não estão sendo levados para as operações”. 
Os autores do texto ponderam que mesmo sem o aparelho os policiais seguem fiscalizando os demais tipos de infrações e crimes. Eles pedem que o governador do Estado tenha bom-senso e responsabilidade com a sociedade e regularize a situação dos bafômetros, mas alertam: “Estamos convictos de que durante muitos dias, quiçá meses, a população estará à mercê da sorte, com o risco de morte nos graves acidentes causadas pela associação de álcool e direção de veículos”.

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