Felipe Lima, do Fejunes, afirma que decisão de sair da Capital é para abranger outras regiões que também têm registrado violências
Pela primeira vez, a Marcha contra o Extermínio da Juventude Negra não será na Capital, Vitória. A 16ª edição tem como tema “Antes que a bala perdida me ache” e ocorrerá no próximo dia 18, na Serra, município mais populoso do Espírito Santo. O trajeto abarcará os bairros Ourimar II, Vila Nova de Colares e Feu Rosa, áreas onde “a juventude negra foi e ainda é afetada pela violência”, como destaca o presidente do Fórum Estadual da Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes), Felipe Lima.
A concentração será às 14h, no centro comunitário do bairro Ourimar II, onde haverá apresentação do bloco Coisa de Negres. Depois, seguirá pelas as comunidades de Vila Nova de Colares e Feu Rosa. Nesta última, a marcha será encerrada com o Festival da Cultura Negra.
De acordo com Felipe, depois da edição de 2022, no Território do Bem, o Fejunes recebeu várias provocações sobre o porquê de não realizar a marcha em outras regiões, o que motivou a mudança. Ele destaca que 16 anos se passaram desde a criação da marcha, mas a realidade ainda é de racismo e extermínio da juventude negra. “Queremos jogar luz a esse problema, que não pode ser jogado para debaixo do tapete”, pontua.
Felipe ressalta que fazer a marcha em um dia de semana no Centro de Vitória, onde ocorreram a maioria das manifestações até agora, é diferente de realizar na região de Ourimar II, Vila Nova de Colares e Feu Rosa. Ele salienta que manifestações em dia de semana e, consequentemente, o congestionamento do trânsito, são mais comuns nas vias da Capital, enquanto os moradores da região escolhida para este ano não estão habituados com isso.
Ao todo, foram 1 mil crimes desse tipo no Estado, o segundo menor dos últimos 10 anos. O menor foi em 2019, quando foram registrados 987. O maior foi em 2012, com 1,6 mil.
Do total de vítimas de 2022, a maioria, 51%, não tinham passagem pela polícia. O restante, 49%, tinha. Nove delas faziam parte da comunidade LGBTQIA+; 11 eram pessoas em situação de rua; três policiais militares; quatro estavam detidas em regime fechado; quatro no semi-aberto; e seis eram taxistas ou motoristas de aplicativo.