Presidente do sindicato dos delegados, Ana Cecília Mangaravite, apontou a evasão de 42% dos concursados
A partir da primeira semana de junho, as entidades que compõem a Frente de Valorização Salarial (Fuvs), entidade que representa servidores da área de segurança pública, iniciam um trabalho de “conscientização das bases”, para intensificar a movimentação por uma reposição salarial acima dos 10% concedido pelo governo em fevereiro deste ano. Os servidores reclamam o cumprimento do acordo assinado com as categorias profissionais em 2020 e pelo menos 16% de reajuste.
Estão previstas “manifestações em vias públicas e a divulgação de documentos referente ao acordo entre o governo e servidores do setor, inclusive caminhadas com apoio de carro de som”, segundo decisão adotada a partir da instalação, na Assembleia Legislativa, nessa quarta-feira (26), de uma frente parlamentar de segurança pública.
Segundo a Fuvs, “as entidades também encaminharão documentos a órgãos públicos e farão reuniões estratégicas com segmentos empresariais mostrando o quadro delicado do setor e buscando esclarecer aos formadores de opinião a realidade da política salarial dos servidores de segurança pública capixaba”.
A delegada da Polícia Civil Ana Cecília Mangaravite, presidente do sindicato de sua categoria, o Sindepes, afirma que as entidades organizam as bases, enfatizando que a situação no Espírito Santo é preocupante. Ela aponta que “42% dos que passaram nos últimos concursos para delegado no Estado migraram para outros empregos com melhores salários no serviço público, mesmo antes de concluírem o estágio probatório”.
A policial ressalta que a categoria recebe o segundo pior salário do país, apesar de o Espírito Santo figurar com a nota A conferida pelo Tesouro Nacional no quesito equilíbrio fiscal e, em função desse cenário, “poucos se animam em permanecer na carreira, abandonando o cargo para assumir vagas de concursos feitos em outros estados”.
O colegiado na Assembleia foi criado por meio do Ato da Mesa 2.198/2022, publicado no Diário do Poder Legislativo no dia 26 de abril. O requerimento para a sua criação foi apresentado pelo deputado Danilo Bahiense (PL), com a adesão de nove parlamentares, a maioria do grupo de oposição ao governador Renato Casagrande (PSB).
No entanto, as entidades da Fuvs afirmam que o objetivo da frente parlamentar é “debater e identificar mecanismos, propostas e ações voltadas para a valorização salarial das forças de segurança do Estado” e destacam que “o movimento é apolítico, focado em questões relacionadas à valorização profissiona”.
A frente é presidida pelo deputado Bahiense e terá o Capitão Assumção (PL) como secretário-executivo. Os membros sãos deputados Torino Marques (PTB), Carlos Von (DC), Sergio Majeski (PSDB), Theodorico Ferraço (PP) e Hudson Leal (Republicanos), de oposição ao governo ou que se dizem independentes, e Vandinho Leite (PSDB), Dr. Hércules (Patriota), e Adilson Espíndula (PDT).
O tenente Emerson Luiz Santana, presidente no Estado da Associação dos Bombeiros Militares (ABMES), fez um levantamento e exibe números que sobre a defasagem dos salários iniciais na carreira de soldado militar numa comparação do Espírito Santo com outras unidades da federação. Um soldado no Estado tem vencimento inicial de R$ 3,7 mil, enquanto em Mato Grosso, o profissional que exerce a mesma função ganha R$ 5,1 mil; em Minas Gerais, R$ 5 mil; e no Rio Grande do Sul, R$ 4,9 mil.