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Sociedade civil apresenta demandas de segurança pública a Casagrande

Encontro foi realizado após reivindicações e sucessivas mortes por ações da PM

Hélio Filho/Secom
Hélio Filho/Secom

A sociedade civil, finalmente, conseguiu se reunir com o governador Renato Casagrande (PSB), na manhã desta quarta-feira (6), para apresentar suas reivindicações para as políticas de segurança pública, em especial no Território do Bem, em Vitória. O diálogo foi solicitado após mais uma ação policial na região, no dia 24 de outubro, que culminou na agressão e detenção de Luiz Adriano, que tem denunciado a violência policial, e sua tia, Marly Rodrigues Gabriel, coordenadora do Centro de Referência das Juventudes (CRJ) do bairro Itararé e ganhadora do Prêmio Estadual de Direitos Humanos 2023.

Da gestão estadual, também participaram o coordenador do Programa Estado Presente em Defesa da Vida, Álvaro Duboc; a secretária estadual de Direitos Humanos, Nara Borgo; e o secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social, Leonardo Damasceno; além de representantes da Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES); da deputada estadual Iriny Lopes; e do vereador de Vitória, André Moreira (Psol).

Da sociedade civil, estiveram presentes lideranças comunitárias do Território do Bem; e representantes do Movimento Policiais Antifascistas; do Comitê Estadual para a Prevenção e Erradicação da Tortura no Espírito Santo (Cepet) e do CRJ e do Ateliê de Ideias, entidade que administra o equipamento.

O integrante do Cepet, Ricardo Gobbi, relata que foi reiterado ao governador as denúncias sobre violência policial nas periferias e “a ação desastrosa da PM no dia 24”, já que houve indícios de tortura, pois as pessoas ficaram detidas no camburão, em frente à delegacia, por cerca de cinco horas, sem acesso aos advogados. “Defendemos uma abordagem policial condizente com a lei”, diz Ricardo.

O ativista informa que foi reivindicada a implantação de câmeras nas fardas dos policiais, a criação de uma Ouvidoria externa de segurança pública e o fim do teleflagrante. De acordo com ele, no teleflagrante, o delegado não faz plantão na delegacia, indo para lá quando é acionado em casos considerados urgentes. Ricardo aponta que as entidades acreditam que, se houvesse um delegado, Luiz Adriano e Marly não teriam ficado cinco horas dentro do camburão.

No que diz respeito à instalação das câmeras, o representante do Cepet relata que o governador afirmou integrar os planos da política do governo, mas não deu prazos para sua implementação de forma ampla. No momento, é realizado um projeto piloto em Jardim Camburi. A resposta sobre a implantação de plantão da DPES nas delegacias veio de Leonardo Damasceno, que afirmou não ser da alçada da sua pasta.

Outras reivindicações foram plantão da DPES nas delegacias e a não instalação de uma estrutura da PM no Bairro da Penha, um dos que compõem o Território do Bem, já que a implementação já foi sinalizada pela gestão estadual.

Quanto à criação de uma Ouvidoria, o governador afirmou que “está aberto a ouvir propostas de modelo”. Ricardo afirma que serão apresentados modelos à gestão, já que existem “iniciativas exitosas”, como a de São Paulo.

Já a instalação da estrutura da PM, segundo Ricardo, o Governo do Estado alega não abrir mão, com o argumento de que seria uma atuação com uma característica comunitária. “Por mais que diga que vai ser uma polícia comunitária, entendemos que precisa chegar ao território outras políticas que não sejam o policiamento ostensivo, que já atua. É preciso políticas de cultura, emprego, oportunidade. Inclusive, entendemos que essa abordagem comunitária já pode ser feita pela polícia”, defende Ricardo.

A reunião com o governador foi cobrada em diálogo com Nara Borgo no dia 25 de outubro, após a ação policial que culminou na agressão aos dois ativistas. Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver três policiais jogando o jovem no chão enquanto moradores tentam socorrê-lo, mas são agredidos pela polícia com empurrões e balas de borracha. Ambos foram detidos. Marly, inclusive, foi alvejada com balas de borracha ao tentar ajudar o sobrinho. Acionada, Nara foi até o local para “garantir que aquelas pessoas que estavam ali, detidas, pudessem ter acesso aos advogados e advogadas”, conforme argumentou nas redes sociais. O caso se soma a outros registrados em poucos meses no Território do Bem, somando oito mortes em ações policiais na Capital.

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