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Soldado Nero Walker conquista liberdade após nove meses de prisão no QCG

O soldado Nero Walker, preso há 290 dias por manifestar suas opiniões no Facebook, ganhou a liberdade nesta segunda-feira (2), na audiência de deliberação sobre o caso do militar. 

O advogado da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Estado do Espírito Santo (ACS-ES), Victor Abreu, apresentou seus argumentos durante uma hora e, por três votos a um, a liberdade de Nero Walker foi concedida. “Pedimos a antecipação da audiência e durante 60 minutos demonstramos que a manutenção da prisão de Nero Walker era desnecessária. O Ministério Público foi favorável ao argumento e o conselho formado por quatro juízes votou sobre o caso”, afirmou Victor.

 
O conselho é formado por três militares e um togado. Dos votos, o único a favor da  manutenção da prisão do Soldado Nero partiu de um militar, como aponta a entidade. 
 
Apesar de estar em liberdade, o soldado Nero Walker deverá ter cuidado e ser comedido quando o assunto for expressar seus pensamentos e opiniões. A Justiça informou na decisão que, caso o militar volte a fazer críticas ao governo e ao comando em suas redes sociais, poderá ser preso novamente.
 
Sandra Regina Rocha, mãe do Soldado Nero Walker, e uma de suas irmãs, Géssica, foram informadas da decisão na tarde desta segunda e saíram de Cachoeiro de Itapemirim, sul do Estado, onde moram, para recebê-lo na porta do Quartel do Comando Geral (QCG)
 
“Eu vou imediatamente para Vitória para poder receber o meu filho. Estarei no portão do QCG  para abraçá-lo. Eu nunca desacreditei que esse dia chegaria. Eu agradeço a ACS por não desistir do caso do meu filho e sempre me animar, mostrando a cada dificuldade, uma solução. Este foi o melhor presente de Páscoa que recebi na minha vida e tenho certeza de que o Dia das Mães de 2018 será mais que especial. Meu filho ficou preso por quase um ano . Ele perdeu um ano de sua vida por manifestar seu pensamento”, disse, emocionada, Regina.
 
Nero Walker foi preso no dia 16 de junho de 2017, no bairro Amarelos, em Cachoeiro. Durante a ação da polícia, o soldado iniciou uma transmissão ao vivo em uma rede social mostrando sua própria prisão. No vídeo, argumentou o motivo da prisão  (postagens no Facebook interpretadas pelo Comando da Polícia Militar como perturbação da ordem) e questionou os mandados de prisão e busca e apreensão. Sem abrir o portão de casa, Nero Walker exigiu no dia de sua prisão que os mandados fossem lidos por um policial antes de a prisão ser efetuada.
 
Um censurômetro havia sido instalado na página eletrônica da Associação de Cabos e Soldados, informando o período de prisão do soldado Nero Walker. O caso dele era o mais grave da intimidação que se estende a centenas de militares que se manifestam contrariamente à gestão da segurança pública no Estado. São mais de 800 pessoas indiciadas em Inquéritos Policiais Militares (IPMs) desde o movimento reivindicatório promovido por esposas e familiares de militares, que impediu a saída de viaturas dos quartéis, durante quase um mês, em fevereiro de 2017.
 
O número, adverte o presidente da ACS-ES, sargento Renato Martins Conceição, é apenas o que se tem registrado na Associação, havendo, provavelmente, muitos outros IPMs abertos, que a entidade desconhece. 
O próprio presidente é alvo de um inquérito, além do presidente da Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo (Assomes), tenente-coronel Rogério Fernandes Lima. As duas entidades são as únicas que têm se manifestado contra as medidas estatais que fragilizam a segurança pública capixaba. 
 
“A gente continua sem poder expressar nossa opinião, sem poder falar em nome da classe livremente”, protesta o sargento Renato. Ele diz que essa censura é extremamente maléfica para a sociedade como um todo.

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