Na casa do soldado foi cumprido, também, um mandado de busca e apreensão que compreendia celulares, notebooks, computadores, pendrives e dispositivos de armazenamento de dados.
O soldado foi encaminhado para o Quartel do Comando Geral (QCG), em Maruípe, Vitória, e a Associação dos Cabos e Soldados do Estado (ACS-PMBM-ES) deslocou o advogado e diretores para o local para acompanhar o caso.
Para efetuar a prisão – mesmo o soldado não oferecendo qualquer resistência ou tendo comportamento agressivo – foi deslocado um aparato significativo de viaturas e o momento da prisão foi acompanhado por um coronel, o que não é comum, que segurou o braço de Soares através da grade da casa dele, o que gerou até reclamação por parte do soldado, dada a desproporcionalidade da atitude.
O soldado é conhecido on-line por fazer apontamentos bem humorados sobre a realidade de ser um praça no Estado, além de denunciar excessos contra policiais ocorridos durante o movimento dos familiares de policiais militares em fevereiro deste ano, que deixou o Estado sem policiamento ostensivo por 22 dias. Ele denunciou, na época, que policiais estavam dando entrada no Hospital da Polícia Militar com problemas psicológicos pela pressão sofrida para voltarem às ruas sem garantias de segurança.
No QCG também estão os outros cinco soldados e o capitão Lucínio Araújo Assumção, conhecido como Capitão Assumção, que é acusado de ser uma das lideranças do movimento.
Já os outros cinco soldados são acusados de participação no episódio do dia 25 de fevereiro, quando o logo após o movimento de mulheres decidir desbloquear os acessos dos quartéis, batalhões e unidades da PM, a Corregedoria da Polícia Militar se dirigiu às imediações do 4º Batalhão, em Vila Velha, para efetuar a prisão do Capitão Assumção.
Naquele momento, o clima era tenso. As mulheres que presenciaram a tentativa de prisão reclamaram que os oficiais da Corregedoria agiram com truculência, sobretudo o coronel-corregedor Ilton Borges. Houve um bate-boca entre os oficiais e soldados que estavam nas imediações do batalhão.
Apesar de estarem sendo acusados de agredir o coronel e os oficiais que os acompanhavam, a defesa dos soldados sustenta que não houve agressões. Para corroborar, foram apresentados nos pedidos de habeas corpus – que foram negados pela Justiça – imagens das câmeras de videomonitoramento do local da confusão e de vídeos feitos pelos próprios policiais que mostram que os soldados não agiram com violência.
Além disso, um dos soldados presos sequer estava no local do fato. Ele havia passado a noite em outro local e não havia voltado para as imediações do 4º Batalhão.