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Soldados da PM assassinados são enterrados sob luto oficial em todo o Estado

Celini e Ferrani estavam em serviço. Os quatro envolvidos estão presos e PC investiga ação de cada um no crime

Arquivo Pessoal

Sob luto oficial decretado por três dias em todo o Espírito Santo, pelo governador Renato Casagrande (PSB), foram enterrados, nesta segunda-feira (17), os corpos dos dois soldados da Polícia Militar assassinados na madrugada desse domingo (16), em Cariacica. 

Bruno Mayer Ferrani, de 30 anos, foi sepultado pela manhã no Cemitério São Pedro, no bairro Santo André, em Cariacica. Paulo Eduardo Oliveira Celini, de 29 anos, foi enterrado à tarde no Parque da Paz, também na Rodovia do Contorno. Ambos eram casados e Ferrani deixa ainda duas filhas. 

Lotados no 7º Batalhão da PM, em Tucum, Cariacica, os dois soldados faziam uma ronda noturna no município, nos arredores da Rodovia Leste-Oeste, na altura do bairro Santa Clara, quando interceptaram um veículo roubado e, sofrendo uma emboscada, foram alvejados pelos criminosos. 

Conforme descreve a Secretaria de Estado de Segurança Pública, (Sesp), dois ocupantes do veículo suspeito de ter sido roubado desembarcaram ao serem abordados pelos dois solados e se renderam. Mas, ao se aproximarem, os militares foram surpreendidos por outros dois criminosos, um homem e uma mulher, que estavam escondidos atrás de um caminhão estacionado próximo à ocorrência. Um desses indivíduos atirou contra os policiais, que foram atingidos e chegaram a receber socorro, mas vieram a óbito no hospital. 

O crime revoltou as forças de segurança capixabas, que se manifestaram em uma coletiva de imprensa na tarde do próprio domingo, horas depois do assassinato. A prisão dos quatro envolvidos ocorreu em tempo recorde, em menos de sete horas, fruto de uma ação conjunta das polícias Civil e Militar.

Divulgação/Sesp

Na coletiva, o secretário de Segurança Pública e Defesa Social, coronel Marcio Celante, declarou a “consternação e tristeza” das entidades e agradeceu “ao trabalho de inteligência da Secretaria de Segurança Pública, Polícia Miliar e a Policia Civil”, que efetuaram “com êxito a prisão de quatro criminosos que participaram efetivamente desse ataque”.

Citando crimes recentes– assaltos a bancos em Santa Leopoldina e queimas de ônibus e carros em Vitória – o coronel Celante destacou a “resposta rápida” das polícias, o que “demonstra a capacidade que nós temos de resposta no Estado do Espírito Santo”. 

O comandante-geral da PMES, Coronel Douglas Caus, também afirmou o luto da PM e da “família policial”, “diante do assassinato covarde por quatro bandidos”. Disse também que “vários policiais, praças e oficiais (…) se colocaram à disposição, mesmo de folga, para fazerem diligências, contribuindo diretamente para que nós conseguíssemos prender esses quatro facínoras”. 

O comandante-geral ressaltou, por duas vezes, o desejo de que os criminosos não tivessem sido levados com vida para a delegacia. “Nosso sentimento era de que deviam volta dentro de sacos pretos, porque não agrediram só um cidadão, agrediram os cidadãos e o Estado. (…) Que a justiça seja feita e que esses facínoras fiquem realmente presos. (…) Se fosse outro lugar, que tivesse uma legislação penal digna ou pelo menos razoavelmente digna, eles já estariam presos há muito tempo, seria cadeira elétrica, no mínimo. Mas no Brasil, infelizmente, esse tipo de gente cumpre alguns anos de cadeia e depois volta para a sociedade”. 

A delegada-geral adjunta, Denise Maria Carvalho, mencionou a ação conjunta das PM e PC e ressaltou que o crime “foi um fato isolado e não tem nenhuma relação com as últimas ocorrências registradas no Estado”. 

O comandante do 7º BPM, tenente-coronel Schulz, também afirmou o luto e consternação da corporação, prestou solidariedade às famílias das vítimas, e invocou que os dois soldados “morreram pelo nosso juramento, ‘servir e proteger'”. 

O superintendente de Polícia Especializada, delegado José Lopes, deu mais detalhes sobre o que já se sabia, na tarde de domingo, sobre os fatos que levaram à tragédia, desde a identificação do roubo de um Fiat Argo, onde havia três pessoas, efetuado por dois casais que estavam em um Fiat Fox branco, até a prisão de todos. 

O primeiro casal foi preso enquanto caminhava de forma suspeita nas proximidades do bairro Castelo Branco, onde o Fox branco foi abandonado. Em seu relato, a mulher disse que os disparos haviam sido feitos pelo outro casal.

“Usamos técnicas operacionais de inteligência para tentar delimitar o campo de atuação”, explicou o delegado Lopes, acrescentando que a Polícia dispunha de outras informações a respeito dos acusados, incluindo a suspeita de que eles estavam homiziados em um motel em Cariacica. “A equipe foi lá descaracterizada, fez uma incursão de forma velada, para não levantar uma possível fuga, e conseguiu fazer a abordagem desse casal dentro das instalações do motel, onde foram recuperadas as duas armas de fogo dos nossos policiais e a pretensa arma que os meliantes utilizaram para ceifar a vida de nossos policiais”. 

O delegado plantonista da DHPP, Luiz Gustavo Ximenes, informou sobre as cápsulas recolhidas no local do crime e as armas posteriormente apreendidas.

Divulgação/Sesp

“A perícia no local de crime recolheu duas cápsulas, uma de calibre ponto 40 e uma de ponto nove milímetros. A princípio nós conseguimos recuperar uma arma de fogo do meliante e uma, dos policiais militares. Preliminarmente, parece que a vítima do roubo disse que uma das mulheres estava com uma de calibre ponto doze, mas dando continuidade às investigações, vamos averiguar se a informação está correta”. 

‘Bandido não se cria no Espírito Santo’

Em suas redes sociais, após declarar o luto oficial em todo o Estado, o governador prestou sua solidariedade às famílias dos soldados. “Duas vidas que perdemos enquanto eles, guerreiros, defendiam o nosso Espírito Santo. Solidariedade, também, com toda a nossa tropa que sofre com essa perda”.

Caracterizando o crime como hediondo, Casagrande afirmou que os criminosos “terão que pagar agora perante a Justiça”. Disse também que “o trabalho tem que continuar firme, para que a gente possa dizer à sociedade capixaba e à bandidagem que nós não daremos trégua. Bandido não vai se criar no Espírito Santo. Nós vamos seguir em frente, para que a gente possa dar segurança à nossa tropa e ao povo capixaba”.

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