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‘Spray de pimenta não é solução’, diz Amacentro

Associação defende formas “mais humanizadas” para dispersão no Carnaval do Centro

Andie Freitas

A Associação de Moradores do Centro (Amacentro) divulgou, nesta quarta-feira (5), uma nota com críticas à forma como as forças de segurança fizeram a dispersão de foliões na noite dessa terça (4), utilizando spray de pimenta na proximidades da rua Maria Saraiva, onde fica estabelecimentos como o Bar da Zilda e Panelas. Intitulada “pimenta nos olhos dos outros não é refresco”, a nota aponta que o uso de spray de pimenta “não é solução” e que “é necessário buscar alternativas que priorizem uma dispersão mais humanizada”.

A Amacentro destaca que “embora não tenhamos presenciado grandes incidentes envolvendo foliões, houve casos de agressões ligadas a delitos e situações de risco”. “É importante destacar que as agressões físicas ocorridas à nossa chegada não estavam diretamente ligadas ao Carnaval, mas sim a problemas crônicos de violência, que não podemos permitir que se tornem rotineiros no Centro, independentemente da época do ano”, diz a nota.

Para a Amacentro, as forças de segurança devem estudar e propor “novas estratégias de dispersão adequadas, levando em conta as características de centros urbanos com ruas estreitas”. O texto acrescenta que a observação e pesquisa das novas formas de dispersão têm que ser feitas de maneira coletiva, para “evitar um retorno a práticas medievais de repressão, como o uso excessivo da força, que pode transformar um ambiente festivo em um cenário de medo e terror, como vivenciamos em um passado recente”.

A abordagem, segundo a entidade, “deve ser pautada no respeito, no diálogo e em soluções inovadoras que garantam tanto a segurança quanto o direito ao lazer”. A Associação recomenda que as pessoas que se sentiram prejudicadas pelo spray de pimenta façam denúncia no 156, por meio da Corregedoria. “A formalização dessas denúncias é essencial para que os excessos sejam investigados e para garantir a transparência e a responsabilidade das forças de segurança no uso da força”.

A violência das forças de segurança têm se tornado algo comum no Carnaval de blocos do Centro de Vitória nos últimos anos, principalmente no último dia de folia. No ano passado, a festa popular terminou com uma ação violenta do Batalhão de Missões Especiais (BME) e da Ronda Ostensiva Municipal (Romu) contra foliões e comerciantes, na Rua Sete.

A atitude, apontou a Amacentro na ocasião, foi fruto da falta de preparo das gestões estadual e municipal. “A prefeitura e o Estado não tiveram competência para lidar com o pós-Carnaval”, criticou o então presidente da entidade, Lino Feletti, que defendeu que houve falha na fiscalização das pessoas que, após o desfile dos blocos, usam caixas de som individuais pelo bairro.

De acordo com ele, havia um decreto que proibia essa prática, portanto, as caixas deveriam ser recolhidas e as pessoas multadas. Contudo, havia um pequeno efetivo de guardas municipais e policiais militares para fazer fiscalização. “Aí veio o Choque, armado até os dentes, fazer um serviço horrível, desagradável, resolvendo a situação de maneira inadequada”, lamentou.

Vereadores

A vereadora Ana Paula Rocha (Psol) também se pronunciou nas redes sociais sobre o uso de spray de pimenta. “Carnaval de rua é direito. A truculência não pode ser a única forma de ação das forças de segurança. Foliões, moradores e comerciantes construíram um Carnaval de paz. Povo na rua não é crime”, diz.

O vereador Jocelino (PT) lamentou o ocorrido. “De novo! A cada Carnaval a cena se repete: forças de segurança atacando foliões com spray de pimenta espalhando medo nas ruas de Vitória”. Ele defendeu que em vez de usar a “truculência”, “tomem vergonha na cara e façam um plano decente de segurança e dispersão como em qualquer outro evento”. “O Carnaval precisa de planejamento ano todo, não de improviso! Como vereador, vou cobrar: audiências públicas, pedidos de informação e um Plano de Carnaval que envolva blocos, comerciantes e autoridades. Chega de descaso e truculência!”, finaliza.

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