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Tiros, bombas e invasões de casas aterrorizam moradores dos morros do Centro

Moradores reivindicam que ações de combate à violência prometidas pelas gestões municipal e estadual saiam do papel

Durante duas noites consecutivas, os moradores dos morros do Centro de Vitória foram aterrorizados por tiroteios, efeitos de bomba, invasões de casas e tentativas de arrombamento de portões. Toda essa violência ocorreu na madrugada do último domingo (17) para segunda (18), se repetindo na madrugada dessa terça (19). Moradores denunciam que isso tem sido constante na região desde 2018 e que as ações políticas e sociais prometidas pelas gestões municipal e estadual não saem do papel.

Na primeira madrugada, os tiros foram no Morro do Quadro e no Morro do Cabral. Na última, nos morros da Piedade, Moscoso e, novamente, no Cabral. O integrante do Instituto Raízes, Jocelino Júnior, relata que não é possível identificar as pessoas e suas motivações, mas acredita-se que o ocorrido seja briga pelo controle do tráfico.

De acordo com ele, moradores relatam que tiveram suas casas invadidas por criminosos que procuravam alguém, mas não diziam quem. Além disso, crianças choravam e se escondiam debaixo da cama. Apesar dos tiros e das invasões, não há registro de pessoas mortas ou feridas. Entretanto, isso não ameniza a situação dos moradores. “Não morreu ninguém, mas é uma chacina da alma das pessoas”, enfatiza o integrante do Instituto Raízes.
Jocelino informa que muitas famílias estão assustadas e querem sair dos morros, assim como aconteceu em 2018, quando 40 famílias, ou seja, uma média de 250 pessoas, abandonaram a Piedade. Hoje, parte delas, após entrar na Justiça, conseguiu ser realocada no prédio do antigo Cine Santa Cecília, no Parque Moscoso, também no Centro. Elas foram contempladas por meio do projeto Terra Mais Igual, da Prefeitura de Vitória.
O Plano 15, com demandas dos moradores do Morro da Piedade, não saiu do papel, denuncia o integrante do Raízes. Tratam-se de 15 ações contidas em compromisso estabelecido pela gestão de Renato Casagrande (PSB) e do então prefeito de Vitória, Luciano Rezende (Cidadania). O compromisso foi firmado após o assassinato do jovem Fabrício dos Santos Almeida, em junho de 2020, fazendo com que a comunidade da Piedade realizasse um ato no qual suas reivindicações foram entregues para as autoridades estadual e municipal. 
Antes de Fabrício, outros oito jovens haviam sido assassinados na região em cerca de dois anos, entre eles, os irmãos Damião Marcos Reis e Ruan Reis, em 2018. Este ano, foram mortos os jovens Luiz Fernando Costa da Silva e Kelton Lipek Spala, em janeiro. Ambos foram assassinados por oito homens encapuzados que invadiram a casa onde eles estavam, no Morro da Fonte Grande. 
Entre as demandas do Plano 15, estão a ampliação do atendimento de saúde com mais psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, médicos, agente de saúde e outros profissionais; avaliação de todos os postes da comunidade para troca de lâmpadas queimadas; demolição de casas abandonadas; criação e fortalecimento de projetos de cultura e esporte; instalação de câmeras em pontos estratégicos da comunidade; e mutirão de limpeza fixo.
Por meio de nota, o Instituto Raízes faz os seguintes questionamentos: “quem protege os cidadãos que vivem nestas comunidades? Quais as medidas que são adotadas para esta proteção? Porque a Base da Polícia Militar [PM] não faz mais as rondas diurnas e noturnas na comunidade? Quais são os resultados do trabalho dessa Base?”. O Instituto também afirma que irá acionar a gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos), o Governo do Estado e a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), “para respostas e ações protetivas e sociais para todos deste território”.

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