O governo Paulo Hartung (PMDB) conseguiu nacionalmente reverter uma situação extremamente desfavorável – enquanto os delegados não podiam atuar por falta de curso, 23 delegacias permanecem sem delegado responsável – em algo positivo. Enquanto o atual governo não destinava as verbas para a abertura do curso na Acadepol (que ainda vai ser iniciado em junho), os delegados nomeados ficavam nas delegacias apenas observando o trabalho dos colegas, ou seja, encostados.
Em outubro do ano passado o ex-governador Renato Casagrande (PSB) nomeou 24 delegados de polícia aprovados em concurso. Os servidores não iniciaram o curso de formação da Acadepol, que dura de quatro a seis meses, no governo anterior.
Os delegados tinham esperança de que o novo governo daria início à formação no começo deste ano. No entanto, o governo anunciou um austero pacote de cortes de gastos, que acabou afetando as atividades da Acadepol, que paralisou os treinamentos.
Assim, os delegados ficaram ociosos como observadores nas unidades policiais. Como já são servidores públicos nomeados, os delegados – que agora iniciam o curso de formação – recebem metade do vencimento da categoria (algo em torno de R$ 4,5 mil), mas não podem, por exemplo, portar arma, tomar depoimentos ou exercer qualquer atividade inerente ao cargo de delegado.
No mesmo período em que os delegados nomeados estão impedidos de atuar por falta de curso de formação, 23 delegacias no Estado estão fechadas ou funcionando parcialmente por falta de delegado e investigadores.
O presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado (Sindepes), Rodolfo Queiroz Laterza, chegou a enviar à delegada-chefe da Polícia Civil, Gracimere Gaviorno, um ofício alertando para os riscos que trazem o efetivo deficiente de delegados no Estado.
No documento, o delegado relatou que nas regiões norte e noroeste do Estado há prevalência de uma situação de abandono de décadas, quanto às mais básicas necessidades administrativas, operacionais e materiais unidades policiais. Em alguns casos, até mesmo delegacias especializadas, regionais e distritais estão totalmente esvaziadas na capacidade operacional, devido à má distribuição do efetivo de policiais e de delegados de polícia.