Na decisão monocrática que encerrou a instrução, o magistrado indeferiu a suspensão do processo, pleiteada pela defesa de Donati. Os advogados do prefeito levantaram a suspeição do desembargador Pedro Valls Feu Rosa e pediram suspensão do processo até o julgamento do feito.
O desembargador substituto, no entanto, ressaltou que a exceção de suspeição foi feita em face do desembargador Pedro Valls Feu Rosa, que está em férias. “Verifica-se que, ante o caráter personalíssimo da alegada exceção de suspeição, inexiste razão para suspender o feito no presente momento, haja vista que o mesmo vem sendo conduzido por desembargador substituto, restando resguardada a imparcialidade do processo”, diz a decisão.
Loureiro também lembrou que foi decretada a revelia de Jorge Donati, já que ele deixou de comparecer à tomada de depoimentos por duas vezes, mesmo tendo sido intimado, assim como não apresentou justificativa para as faltas.
A primeira audiência foi realizada em 21 de janeiro deste ano, sendo concluída no dia 22 do mesmo mês, com a oitiva de todas as testemunhas. A defesa de Donati, então, formulou um pedido para que o prefeito fosse ouvido, que foi deferido pelo magistrado, e a audiência marcada para a última sexta-feira (29) e Jorge Donati não apareceu novamente.
Com fim da instrução processual, o processo entra em fase final, em que o Ministério Público e a defesa se manifestam antes do julgamento do mérito.
Crime
Edson Barcellos era servidor concursado da administração municipal. Ele vinha denunciando desvios de verbas que Donati teria praticado como chefe do Executivo municipal e iria prestar depoimento em Vitória sobre as denúncias de compra de votos durante a campanha do atual prefeito à eleição, em 2008, mas foi assassinado antes, em junho de 2010.
O sindicalista foi encontrado morto, no dia seguinte ao sequestro, com sinais de execução, em meio a uma plantação de eucaliptos nas imediações do município barrense. No local, o sindicalista teve os pés e as mãos amarradas, os olhos vendados e a boca amordaçada. Sem chances de defesa, a vítima foi morta com um tiro na testa.
Um dos acusados de ser o executor do crime, Diego Ribeiro Nascimento, em depoimento à Polícia Civil, confessou que foi contratado por intermédio de Oséias Oliveira da Costa para matar o sindicalista pela quantia de R$ 7 mil reais, a mando de um “peixe grande” que se chamava Jorge Donati. O outro denunciado pela autoria do crime é Rodolpho Nascimento do Amaral Ferreira.
Após matarem Barcellos, os dois pistoleiros teriam seguido para o município de Aracruz, no norte do Estado, para se livrar do carro da vítima. O corpo foi desovado em local ermo e atearam fogo no Santana do sindicalista para dificultar as investigações da polícia.
As duas armas utilizadas no crime, segundo a denúncia do MPES, foram fornecidas por James Antônio de Almeida e Rondinelli Ribeiro do Nascimento Amaral.
Donati chegou a ser preso preventivamente durante as investigações. Uma dessas prisões se deu após o assassinato de uma das testemunhas do crime do sindicalista, Mateus Ribeiro dos Santos, o Mateusão, que foi executado em Linhares (norte do Estado) após denunciar que o prefeito de Conceição da Barra estava envolvido no crime.
O caso teve tanta repercussão no município que teria havido até mesmo pressão em cima do bispo de São Mateus para que o padre da paróquia de Conceição da Barra, Moacir Pinto, fosse afastado. Ele dissera na missa de corpo presente do sindicalista que nem ele nem a população do município poderiam descansar enquanto não fosse solucionado o crime.