Mobilização terá início na frente da escola Primo Bitti, de onde os manifestantes seguirão até o Centro
O atentado a duas escolas de Aracruz, no norte do Estado, que deixou quatro vítimas fatais e 12 feridos, completa um ano neste sábado (25). Nessa data, o Fórum Antifascista, o Fórum de Mulheres do Espírito Santo (Fomes) e o Coletivo de Mulheres Dona Astrogilda realizarão um ato na cidade. A concentração será às 7h, em frente à Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, uma das unidades de ensino onde o crime aconteceu. No local haverá faixas, cartazes e místicas. Às 9h, os manifestantes marcharão até o Centro do município.
O objetivo, afirma a professora da Primo Bitti e integrante do Fórum Antifascista, Leilany Santos Moreira, é cobrar por justiça e reparação às vítimas. As entidades também querem da gestão Renato Casagrande (PSB) respostas sobre as investigações, além de cobrar medidas e politicas que possam atender às demandas das famílias, estudantes e profissionais da educação.
Leilany relata que o governo paga indenizações para as famílias das vítimas fatais que foram assassinadas na Primo Bitti, para oito feridos e 20 pessoas entre os demais professores e terceirizados. As audiências de negociação, afirma, são individualizadas e não é permitido às vítimas e familiares falar os valores. Contudo, segundo ela, a informação que circula é que para as famílias das vítimas fatais as indenizações giram em torno de R$ 50 mil e 70 mil. Para os demais, entre R$ 3 mil e R$ 5 mil.
Os montantes são considerados insuficientes diante dos gastos que as vítimas e familiares têm e ainda terão com medicamentos, tratamentos médicos e psicológicos. Outra crítica é ao fato de que trabalhadores que não estavam na escola no momento do crime, mas também sofreram abalos psicológicos, devido à ligação afetiva com a unidade de ensino e com as vítimas fatais, não serão indenizadas.
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O crime
Os ataques foram feitos primeiramente na EEEFM Primo Bitti, onde o atirador havia estudado até junho do ano passado. Após arrombar o cadeado, ele invadiu a escola e acessou a sala dos professores, vitimando fatalmente as docentes Maria da Penha Banhos, Cybelle Bezerra e Flavia Amboss. Outras três professoras baleadas sobreviveram, mas estão com sequelas. Depois, o adolescente seguiu para o Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC), escola da rede privada de ensino, onde matou a estudante Selena Sagrillo. Mais dois alunos foram baleados, mas conseguiram sobreviver.
O processo em relação ao adolescente autor dos ataques foi concluído em sete de dezembro pelo juiz Felipe Leitão, da Vara da Infância e Juventude de Aracruz. O magistrado aplicou a medida socioeducativa de internação pelo prazo de até três anos. Caberá ao Juiz da 3ª Vara da Infância e da Juventude de Vitória, com base em pareceres técnicos da equipe do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), avaliar, a cada seis meses, a internação. Foi aplicada, ainda, uma medida protetiva de acompanhamento psiquiátrico durante o período de cumprimento da medida de internação.
O pai do adolescente também é investigado pela Polícia Civil (PC), que averigua suas possíveis contribuições com o crime e quais as relações do adolescente de 16 anos com células nazistas e fascistas que se expandem pelo país. Um dos pontos da investigação é descobrir se o pai ensinou o filho a dirigir e atirar. Além disso, a Corregedoria da PM instaurou um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) contra o tenente, que foi afastado das atividades operacionais e vai permanecer nas administrativas no decorrer do processo.