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Uso de câmeras por policiais penais será debatido na Comissão de Segurança

Sindicato que representa a categoria diz que entrará na Justiça contra a determinação, o que é bandeira também de bolsonaristas

A Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa realizará, nesta segunda-feira (13), um debate sobre “a insegurança jurídica do uso de câmeras nos uniformes dos policiais penais”, com a presença de entidades de classe que representam a segurança pública e autoridades do governo e do Ministério Público do Espírito Santo (MPES). A reunião é resultado da aprovação da votação em regime de urgência do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 2/2023, proposto pelo deputado bolsonarista Callegari (PL).

O PDL busca sustar a Portaria 2-R/2023, da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), que regulamenta o uso de câmeras nos uniformes dos policiais penais em operações de intervenção nos presídios capixabas. A portaria é rejeitada pela categoria, mas é considerada positiva por organizações de defesa dos direitos humanos.


O presidente do Sindicato dos Inspetores do Sistema Penitenciário do Espírito Santo (Sindaspes), Rhuan Karllo Alves Fernandes, considera a decisão “arbitrária”, além de defender “que compromete a privacidade profissional”. Segundo ele, o departamento jurídico da entidade finaliza uma ação coletiva judicial contra a portaria do governo do Estado.

Uma das preocupações apontadas pelo dirigente sindical é em relação ao tratamento que será dado aos materiais audiovisuais coletados pelas câmeras, não descartando a possibilidade de “vaze”, podendo colocar a vida dos agentes em risco.
Ele argumenta, ainda, que o Espírito Santo é um dos estados que apresentam menores índices de violência dentro dos presídios, portanto, não haveria motivo para a decisão. Além disso, que o interior das unidades prisionais é amplamente monitorado com câmeras. 

O uso de câmeras corporais foi regulamentado pela gestão de Renato Casagrande (PSB) em 10 de fevereiro. Os policiais penais farão o uso em ocorrências de contenção e intervenção nos presídios. No mesmo mês, 70 equipamentos foram disponibilizados às 36 unidades prisionais, bem como para a Diretoria de Segurança Penitenciária (DSP) e a Diretoria de Operações Táticas (DOT).

A ferramenta está sendo utilizada por policiais que atuam nas unidades prisionais como chefes de equipe, além dos responsáveis pelas escoltas e unidades especializadas. A Sejus será responsável por armazenar as imagens captadas e assegurar o atendimento das requisições e demandas dos órgãos de controle interno e externo.

Rodrigo Araújo/Governo do ES

Movimentos de defesa dos direitos humanos não concordam com a afirmação feita por Rhuan de que não há necessidade de câmeras e de que a violência nos presídios é pequena. Várias organizações, entre elas, a Frente Pelo Desencarceramento do Espírito Santo (Desencarcera-ES), que vem denunciando diversas formas de violência dentro dos presídios, que vão desde as psicológicas até o assassinato de detentos, na maioria das vezes, de forma brutal, realizaram um ato em Defesa da Vida e Contra o Extermínio da Juventude Negra.

O protesto foi nessa quarta-feira (8) e marcou a entrega, para a deputada estadual Camila Valadão (Psol), presidente da Comissão de Direitos Humanos, de um documento em que as entidades defendem não somente o uso de câmeras nos uniformes dos policiais penais, mas também a implementação do Mecanismo Estadual de Prevenção e Erradicação da Tortura (Mepet), previsto na Lei Estadual 10.006, de 2013, sancionada no primeiro mandato do governador Renato Casagrande (PSB), mas que não saiu do papel.

Divulgação

O deputado bolsonarista Lucas Polese (PL), um dos membros da Comissão de Direitos Humanos, sugeriu que o colegiado realize uma reunião para discutir o uso de câmeras nos uniformes dos policiais, “por defender o direito à privacidade dos agentes de segurança”. A proposta foi acatada por Camila, que afirma querer debater não somente o uso das câmeras, mas também a violência policial e os direitos da categoria.

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