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Pescadores da região do Rio Santa Maria seguem com renda prejudicada

Desde o último dia 20 de agosto, pescadores de Vitória e Cariacica que atuam na região do Rio Santa Maria da Vitória e na baía de Vitória estão com suas fontes de renda prejudicadas, devido a uma mortandade de peixes. No Rio Bubu, em Cariacica, também foi identificado problema semelhante. As análises de amostras da água para averiguar a suspeita de contaminação deverão ficar prontas somente no fim deste mês, e as atividades estão paralisadas. Entretanto, ainda não há previsão de auxílio financeiro para os trabalhadores prejudicados.

O deputado estadual Fabrício Gandini (PSD), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, fez uma indicação à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), para que conceda auxílio extraordinário aos pescadores que dependem exclusivamente da pesca artesanal. A proposta foi aprovada na última segunda-feira (2), mas ainda não há sinalização da Seama sobre o assunto.

Enquanto isso, cada trabalhador precisa buscar alternativas por conta própria. Valquírio Sampaio Loureiro, da Colônia de Pesca Z-5, afirma que tem focado na venda de peixes capturados em outros locais, mas sem o mesmo fluxo de renda de antes. “É um momento em que cada um está dando seus pulos para sobreviver”, comenta.

O ictiólogo marinho Anderson Batista, pós-doutorando da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), defende que, enquanto a situação não for esclarecida, a pesca precisa permanecer proibida. “Esse é um protocolo técnico aplicado em todos os desastres naturais, como no rompimento da barragem de Mariana. Como ninguém sabe dizer o que está acontecendo, é muito arriscado continuar consumindo esses peixes”, explica.

Segundo pescadores da região da Ilha das Caieiras, a Polícia Militar Ambiental está impedindo a pesca nos locais onde foram encontrados os peixes mortos. Os próprios trabalhadores já haviam tomado a iniciativa de suspender as atividades. Entretanto, quando questionado por Século Diário, o Iema não confirmou se fez algum tipo de recomendação para interromper a pesca.

Os pescadores suspeitam que a empresa RG Centro Logístico seja a causadora da contaminação do Rio Santa Maria, por conta da construção de um aterro com Revsol às margens do rio, junto a outras empresas instaladas ao longo da BR-101, no trecho da rodovia que margeia os corpos hídricos.

Anderson Batista afirma, porém, não poder especular sobre o que de fato aconteceu sem dados mais concretos, ainda que ele acredite ser bastante improvável que a morte dos animais tenha relação com causas naturais.

“Tem estudos científicos que dizem que a tainha, um dos tipos de peixe que apareceram mortos, come até esgoto, é muito resistente. Se um peixe que come esgoto está morrendo desse jeito, então tudo indica que algo está acontecendo. O que precisa ser feito agora é cobrar celeridade das autoridades na situação”, comenta.

Em nota para Século Diário, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) informa que “segue realizando vistorias para averiguar o caso da mortandade dos peixes e aguarda os resultados da análise laboratoriais das amostras de água do Rio Santa Maria, que foram coletadas na última quinta-feira (29), e tem previsão para sair em até 30 dias”.

Século Diário também questionou a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama) sobre o auxílio emergencial para os pescadores, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

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