Está marcada para este sábado (15), às 14h, na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário (Sindirodoviários), a assembleia que irá deliberar sobre a adesão ou não à greve por tempo indeterminado da categoria. Os trabalhadores questionam a medida anunciada nessa quinta-feira (14) pelo governador Renato Casagrande (PSB), que determinou que toda a frota do sistema Transcol passe a circular sem cobradores a partir de domingo (17). Os passageiros terão que utilizar somente cartão do Transcol, que está à venda nos terminais, em farmácias e outros comércios, além de unidades móveis.
De acordo com o diretor do sindicato, Jean Carlos Gomes da Silva, parte dos cobradores será afastada por 60 dias e outros terão sua carga horária reduzida, atuando na venda de cartões nos terminais e dentro dos ônibus. Segundo Jean, o Sindirodoviários considera a medida desvio de função e quer garantias de que os trabalhadores terão estabilidade após o retorno ao trabalho. Para a entidade, o Governo do Estado está descumprindo regras que ele mesmo criou.
“Existe uma lei que proíbe vendas nos terminais, exceto as daquelas barracas legalizadas, e que proíbe também venda dentro do transporte coletivo. Quando entra ambulante no ônibus, dizem que a responsabilidade para pedir que desçam é do motorista. O governo faz a regra e ao mesmo tempo a quebra?”, questiona Jean, que afirma que a suspensão dos cobradores também penaliza a população.
“Estamos vivendo momento de grande desemprego, aumento do trabalho informal. As pessoas, muitas vezes, ganham por diária e pagam com esse dinheiro, todos os dias, a passagem para ir ao trabalho. Elas não têm como comprar cartão. Tem gente que mora nas periferias e nem ao menos tem dinheiro para ir ao terminal comprar o cartão, pois não tem ponto de venda no bairro delas”, explica.
A medida de circulação dos ônibus sem cobradores será adotada, segundo o governador, para excluir o manuseio de dinheiro dentro do transporte coletivo, como medida de segurança contra a propagação do novo coronavírus. Para o diretor do Sindirodoviários, Valdecy Dulcilina Laurindo, o argumento não tem lógica, pois o uso de dinheiro é feito em diversos estabelecimentos comerciais.
Valdecy afirma que a iniciativa é um pretexto para demitir os trabalhadores após o período de 60 dias. O diretor do Sindirodoviários destaca que o fato de poder pagar a passagem somente com cartão pode ser arriscado para os motoristas. “A empresa fala que o motorista tem que mandar descer a pessoa que não tem cartão. Como que o motorista vai fazer isso em locais de maior índice de violência, por exemplo? Ele pode ser agredido”, desabafa.