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Ato em apoio à greve geral no Estado é encerrado em frente à Findes

A manifestação que marcou o dia de Greve Nacional, nesta sexta-feira (28), foi encerrada na tarde desta sexta-feira (28) em frente à sede da Federação das Indústrias do Estado (Findes) com um grande ato em repúdio às reformas propostas pelo governo federal que precarizam direitos trabalhistas e previdenciários dos trabalhadores. O protesto também mirou no governador Paulo Hartung (PMDB), citado em delação de um dos ex-executivos da Odebrecht como um dos beneficiários de “caixa dois” de doações da empreiteira. A concentração final em frente à Findes também teve efeito simbólico, já que os empresários prestaram solidariedade ao governador depois da divulgação da delação. O ato desta sexta-feira também foi um recado para os cinco deputados federais da bancada capixaba que votaram a favor do Projeto de Lei nº 6.787/16, a Reforma Trabalhista.

Uma multidão com milhares de pessoas – os organizadores estimaram o público entre 5 e 10 mil participantes – se reuniu na Avenida Reta da Penha e os participantes se revezaram no discurso pela valorização dos direitos dos trabalhadores do campo e da cidade.

Discursando para os manifestantes, um participante lembrou que eram os empresários – muitos deles com empresas no “guarda-chuva” da Findes, incluindo o presidente, Marcos Guerra – foram ao Palácio Anchieta, sede do governo estadual, prestar um ato de solidariedade ao governador em 14 de abril. O evento reuniu entre 100 e 150 empresários na sala de reuniões do governador, que ouviu palavras de apoio depois da delação do ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Júnior, que garantiu, em delação premiada, ter doado, via caixa dois, R$ 1,080 milhão para o peemedebista irrigar as campanhas de aliados políticos nas campanhas de 2010 e 2012.

Na greve geral desta sexta-feira, os manifestantes lembravam que muitos desses empresários são agraciados com milhões de reais em isenções fiscais anualmente pelo Estado.

A tônica dos discursos dos presentes era a necessidade de manter a mobilização dos trabalhadores do campo e da cidade e não permitir que poucos deputados cortem direitos de toda uma nação de trabalhadores.

A bancada capixaba se dividiu nos votos a favor e contrários à reforma. Votaram contra a matéria os deputados Jorge Silva (PHS), Carlos Manato (SD) Sérgio Vidigal (PDT), Givaldo Vieira (PT) e Hélder Salomão (PT). Já os deputados Evair de Melo (PV), Paulo Foletto (PSB), Lelo Coimbra (PMDB), Marcus Vicente (PP) e Norma Ayub (DEM) votaram favoráveis ao projeto. No total o governo obteve 296 votos favoráveis contra 177 contra a reforma, que agora segue para o Senado.

Uma representante dos pequenos agricultores também lembrou que os  manifestantes respiraram gás lacrimogêneo durante os protestos da manhã, que foram reprimidos pela Polícia Militar, mas essa é a incoerência do tratamento dispensado àqueles que colocam alimento na mesa do capixaba.

Ao contrário do que aconteceu pela manhã, durante a tarde os manifestantes puderam concluir o ato público sem que o protesto pacífico fosse reprimido pela Polícia Militar.

Repressão

Durante a manhã, os protestos foram reprimidos com violência em dois pontos de Vitória, no pedágio da Terceira Ponte e em frente ao Palácio Anchieta, no Centro da capital.

Na Terceira Ponte, onde se concentravam trabalhadores de sindicatos abrangidos pelo Fórum das Entidades dos Servidores Públicos do Estado (Fespes) havia, no início da manhã, um acordo com a polícia para que houvesse a saída da Praça do Pedágio às 10 horas. No entanto, por volta das 9h20, os policiais da Tropa de Choque deram cinco minutos para que houvesse a desmobilização e, ao fim do tempo, foram arremessadas bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo na direção dos manifestantes.

Já na Avenida Jerônimo Monteiro, que passa em frente ao Palácio Anchieta, além das bombas, os policiais atiraram com balas de borracha contra os manifestantes, chegando a ferir alguns deles.

Reformas

O texto-base da Reforma Trabalhista, aprovado pelo Plenário da Câmara dos Deputados na quarta-feira (26) é visto como um retrocesso sem precedentes para a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Dentre as mudanças que a matéria gera está o negociado sobre o legislado, ou seja, o que passa a valer é o negociado entre patrões e empregados, e não o que determina a CLT, o que é apontado como a precarização das relações de trabalho.

O projeto também permite a terceirização irrestrita nas empresas, inclusive nas atividades-fim; parcelamento de férias em até três vezes; permite jornada de até 12 horas seguidas, por 36 de descanso para mais categorias; e tira da Justiça do Trabalho a atribuição de anular acordos coletivos ou individuais de trabalho, enfraquecendo essa corte. Depois da apreciação da Câmara, a matéria segue para o Senado.

Já a Reforma da Previdência, segundo as entidades que protestam contra a medida, representa o desmonte da Seguridade Social em beneficio dos bancos e operadoras de previdência privada. 

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