Depois de quatro rodadas de negociação, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) se recusou a atender as reivindicações da categoria, apresentando proposta rebaixada de 6,5% de reajuste para salários, Participação nos Lucros e Resultados (PLR), auxílios refeição, alimentação e creche, mais abono de R$ 3 mil. A proposta não contempla as reivindicações de emprego, igualdade de oportunidades, saúde e condições de trabalho, e não repõe sequer a inflação do período, projetada para 9,57% (em agosto). O índice representaria perda de 2,8% nos salários da categoria.
“A proposta da Fenaban significa redução de salários, sem nenhum avanço das cláusulas sociais da minuta. Além disso, a política de abono é um grande retrocesso, pois não é incorporado como benefício, nem refletido nas garantias trabalhistas, como 13º, férias e fundo de garantia”, afirma Idelmar Casagrande, diretor do Sindicato dos Bancários do Estado (Sindibancários-ES), que representa a Intersindical no Comando Nacional dos Bancários.
Entre as principais reivindicações da Campanha Nacional estão: reajuste de 14,78%, valorização do piso salarial, no valor do salário mínimo calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que foi de R$3.940,24 em junho, PLR de três salários mais R$ 8.317,90, combate ao assédio moral, fim da terceirização, fim das demissões, mais contratações, segurança, defesa das empresas públicas e dos direitos da classe trabalhadora, ameaçados pelo governo de Michel Temer.
O coordenador geral do sindicato, Jonas Freire, ressalta que não há motivos para a negativa dos banqueiros. “Só no primeiro semestre do ano, os cinco maiores bancos que atuam no Brasil (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa) lucraram R$ 29,7 bilhões. O dado deixa claro que não há crise para os bancos. Esse lucro também é fruto do trabalho dos bancários e bancárias, que precisam ser valorizados”.
Jonas também questiona o número de demissões no setor bancário. “De janeiro a julho, foram cortados 7.897 postos de trabalho bancário. Só no Espírito Santo, foram 147 demissões imotivadas entre janeiro e agosto de 2016. Vivemos um momento de reestruturação produtiva no sistema financeiro que associa o investimento em tecnologias da informação (TI) ao corte de empregados, tudo isso aliado a uma política de metas que pressiona o trabalhador bancário a produzir cada vez mais, sobrecarregando e adoecendo a categoria. O trabalhador é assediado, e os clientes sofrem com o número reduzido de empregados nas agências”, critica.
A greve foi aprovada por unanimidade entre os presentes. A Campanha Nacional dos Bancários foi lançada no Espírito Santo no dia 09 de agosto, data em que a minuta de reivindicações foi entregue à Fenaban.
Nova assembleia
Na segunda-feira (5), o Sindibancários promove nova assembleia para organizar o movimento paredista. A atividade será às 18 horas, no Centro Sindical dos Bancários.