O fechamento da agência do Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes) no Centro de Vitória foi denunciado pelo Sindicato dos Bancários (Sindibancários-ES) na Câmara de Vereadores, nessa quarta-feira (11). O coordenador-geral da entidade, Jonas Freire, alertou sobre o impacto da medida para os moradores do bairro e as ameaças ao banco, que incluem ainda a terceirização de setores estratégicos. A categoria divulga um abaixo-assinado para a população contra a medida, para ser encaminhado ao governador Renato Casagrande.
A agência que terá suas atividades encerradas, em janeiro próximo, é a da rua Graciano Neves, instalada há 40 anos no local, atendendo a seis mil correntistas, entre moradores e comerciantes da região. “Será um prejuízo grande para aquela comunidade. Há um debate sobre revitalizar o Centro de Vitória, e o fechamento da agência vai no sentido contrário. Além disso, é uma agência rentável. Mesmo que não fosse, o Banestes tem um papel social a cumprir e para isso precisa de uma rede de agências forte e presente em todo o território capixaba”, ressaltou Jonas.
Ele reforçou a importância do Banestes como agente de políticas públicas no Estado e lembrou o compromisso assinado por Casagrande em 2018, quando candidato, de não privatizar o banco estadual. “Os movimentos que vemos, de terceirização, fechamento de agências e demissão enfraquecem o banco, favorecendo a privatização. Por isso essas medidas desrespeitam o compromisso assumido pelo governador”, disse.
Durante a sessão na Câmara, o vereador Vinícius Simões (Cidadania) fez contato com o presidente do Banestes, Amarildo Casagrande, pedindo esclarecimentos sobre o fechamento da unidade. A justificativa foi de que a agência precisava de adequações de acessibilidade. O banco é alvo de ação civil pública movida pela Associação de Defesa de Pessoas com Deficiência (Apasod), que atestou descumprimento da legislação na agência da Graciano Neves.
O motivo, no entanto, é contestado pelo coordenador-geral do Sindibancários e vereadores. “Se a exigência é de acessibilidade, por que não encontrar outro imóvel no Centro que seja adequado?”, perguntou o vereador Roberto Martins (PTB). “Não podemos retroceder. Se o projeto é revitalizar o Centro, temos que abrir agências, e não fechar”, ressaltou ainda Waguinho Ito (Cidadania).
Uma comissão foi criada no legislativo municipal, formada por Martins, Waguinho, Vinícius Simões e Sandro Parrini (PDT), para tentar mediar uma conversa com o governador e a direção do Banestes, no sentido de reverter a decisão.
Nesta sexta-feira (13), o Sindicato dos Bancários realizará um café da manhã em frente à agência da Graciano Neves, às 9 horas, aberto à população, a fim de sensibilizar a comunidade e cobrar a permanência da unidade. Na ocasião, também serão formalizadas adesões ao abaixo-assinado.
Compromisso
Para impedir a privatização do Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes), sugerida pela Federação das Indústrias do Estado (Findes), o Sindicato dos Bancários assinou termo de compromisso com os seis candidatos ao governo do Estado na eleição do ano passado. Todos se comprometeram em manter o banco público e estadual, além de contratar mais empregados apenas por meio de concurso público.
A proposta da Findes repetiu discurso do ex-governador Paulo Hartung, que fez sua última tentativa de vender o Banestes em 2009. A negociação com o Banco do Brasil chegou a ser considerada certa, mas o negócio não se concretizou porque o banco se recusou a pagar R$ 1,7 bilhão, oferecendo somente R$ 800 milhões.
O termo do Sindibancários firmou ainda com os então candidatos o compromisso de elaborem Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que garanta ao Estado o controle acionário do Banestes, mantendo o banco como patrimônio público e vinculado ao governo do Estado. Além disso, a revogação da PEC, no caso de tentativas futuras de privatização, só poderá ser feita mediante aprovação da Assembleia Legislativa e consulta à sociedade por meio de plebiscito popular.
Além disso, que o governador mantenha canais de negociação de acordos coletivos com os empregados do Banestes e fortaleça a Fundação Banestes de Seguridade Social (Baneses) e a Caixa de Assistência dos Empregados do Banestes (Banescaixa), com “um diálogo permanente com a representação dos trabalhadores e os funcionários do banco”.