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Depois de meio século, Incaper quebra tradição e indica cargo político para diretoria técnica

Os servidores do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) foram surpreendidos nesta segunda-feira (13) com a exoneração do diretor técnico da autarquia, Lúcio Herzog Demuner. Para o seu lugar foi nomeado Mauro Rossini Júnior, um empresário do município de Linhares (norte do Estado). Esta é a primeira vez em 50 anos de existência da autarquia que o cargo passa a ser ocupado por um indicado político em detrimento de um técnico do instituto.

De acordo com informações de servidores do Incaper, Rossoni é um indicado direto do secretário de Estado de Agricultura, Octaciano Neto e não é funcionário de carreira da autarquia.

Quando os servidores souberam da nomeação do quadro político para o cargo, tentaram uma reunião para reverter a decisão, mas não conseguiram evitar a nomeação. Para eles, é inaceitável que o cargo seja ocupado por indicado político, em detrimento do quadro técnico.

Segundo o presidente da Associação dos Servidores do Incaper (Assin), Edegar Formentini, a pesquisa, a assistência técnica e a extensão rural são atividades específicas, que foram aperfeiçoadas depois de longo debate entre técnicos, movimentos sociais e governos. De acordo com ele, será preciso, pelo menos, dois anos de trabalho para que o recém-nomeado diretor técnico entenda as particularidades do setor.

Formentini ressalta que o descontentamento é generalizado na autarquia e que a nomeação de um indicado político fortalece o movimento o movimento paredista dos servidores, que deflagraram greve em 1 de junho. Para ele, esta nomeação mostra desrespeito com a instituição por parte do governo.

Greve

A greve dos trabalhadores do Incaper teve início no dia 1 de junho e foi deflagrada diante da extrema precariedade do setor. A pauta de reivindicações contempla também a formação de um grupo de trabalho visando a revisão imediata do Plano de Carreira dos servidores e para que no prazo de 30 dias apresente projeto orçamentário suficiente para suprir as demandas de recursos do Incaper.

Nesta terça-feira (14), os servidores realizam uma assembleia em frente à Assembleia Legislativa para avaliar o movimento e definir os rumos da greve. A nomeação do novo diretor técnico deve ser pauta da assembleia.

Nas últimas semanas, os servidores do Incaper têm se manifestado em solenidades com a presença do governador Paulo Hartung (PMDB). No dia 3 de junho, os servidores realizaram um protesto durante o lançamento do Programa e Expansão do Plantio de Pinus para a Produção de Goma-Resina e Madeira no Espírito Santo (Pró-Resina), em Ibitirama (região do Caparaó).

Os servidores usaram mordaças durante o protesto, em alusão à tentativa de intimidação do presidente da autarquia, Marcelo Suzart de Almeida, que quis saber a frequência dos trabalhadores que participaram de outro protesto, no dia 30 de maio.

Intimidação

Os servidores do Incaper foram surpreendidos no dia 1 de junho por um e-mail da chefia do órgão enviado para os chefes regionais, pedindo que informem a programação de cada servidor no dia 30 de maio, dia em que foi realizado um protesto contra o governador Paulo Hartung durante a assinatura da ordem de serviço para as obras de conclusão da barragem de Pinheiros – Boa Esperança, localizada no Rio Itauninhas, no norte do Estado.

O grupo se manifestou contra Hartung pelo fato de o governador não receber as demandas da categoria, que pleiteia revisão dos planos de carreira, fim da terceirização dos serviços de assistência técnica e extensão rural e equilíbrio no orçamento da autarquia.

A tentativa de intimidação dos servidores se apoia na alegação de que é proibido ao servidor se referir de maneira depreciativa a autoridades públicas. O protesto dos servidores, no entanto, foi legítimo e cobrava o atendimento do governo às demandas da categoria.

O governador não gostou do protesto dos servidores e chegou a dizer que o “grupinho” poderia acompanhá-lo em obras pelo interior do Estado. Ele acrescentou que era graças a ele que os salários eram pagos em dia, ao contrário do que vem acontecendo em outros estados.

O pagamento em dia, no entanto, é o mínimo que o governo mantém diante de todo o quadro de sucateamento dos serviços públicos no Estado. Os servidores estão no segundo ano sem a revisão anual dos salários, que é prevista na Constituição Federal.

Cerca de 60% dos agricultores familiares do Estado precisam que a assistência técnica seja feita na própria comunidade. Os técnicos precisam ver as lavouras, organizar reuniões para a formação de cooperativas e associações e esse trabalho é severamente prejudicado pela falta de combustível nos carros.

A pauta do Incaper também está unificada com o restante do funcionalismo, que cobra, além da revisão anual dos vencimentos, a concessão de auxílio alimentação para todos os servidores.

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