Os metalúrgicos decidiram entrar em greve a partir de segunda-feira (8). A decisão foi tomada em assembleia realizada nesta quinta (4), nos portões da Arcelor, Vale e Samarco. Os trabalhadores rejeitaram a última proposta feita pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Espírito (Sindifer) para renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo (Sindimetal/ES), Roberto Pereira de Souza, avalia a assembleia como positiva. “Os trabalhadores demonstraram muita disposição para a greve, para lutar por direitos”, diz.
Ele afirma que, diante da possibilidade de paralisação, diversas empresas chegaram a falar em demitir funcionários. “Não dá para ceder à pressão, não tendo luta, não há avanços. No dia a dia eles nos chamam de colaborador, quando queremos exercer nosso direito legal de fazer greve, nos mostram que somos de fato trabalhadores”, denuncia.
Os trabalhadores reivindicam reposição da inflação mais 3% de ganho real. Entretanto, as empresas se propuseram a somente fazer a reposição inflacionária, mesmo assim, dividido em duas vezes. Na primeira proposta do Sindifer, na assembleia de 25 de outubro, o pagamento seria feito da seguinte forma: 40% em novembro e 60% somente a partir de março do ano que vem. Na segunda, no último dia 27, seria de 60% em novembro e 40% em março de 2022.
A assembleia para definição da greve foi marcada após a proposta patronal ter sido rejeitada duas vezes, sendo que a última foi no dia 27 de outubro. Outra reivindicação dos metalúrgicos é vale-alimentação no valor de R$ 550,00. Segundo Roberto, nas empresas do complexo, que são Vale, Samarco, Arcelor, Jurong e Grupo Simec, o valor é de R$ 400. Nas demais, incluindo pequenas e grandes empresas de fora do complexo, R$ 170,00. O diretor do sindicato afirma que, nesse segundo grupo, no que diz respeito ao valor do vale-alimentação, muitas empresas de grande porte, como Marcopolo, Brametal e Metalosa “ficam na aba do chapéu”.
“Nesse grupo tem empresas de pequeno, médio, grande e megaporte. O que é negociado vale para todos. As grandes se dão bem nessa situação, ficam alegando que se aumentar muito o valor do vale vai prejudicar as menores, e acabam se beneficiando, mesmo podendo pagar mais. Aí, quando se reclama do valor, eles falam que estão cumprindo o que está na convenção”, aponta.
Os metalúrgicos também reivindicam plano de saúde extensivo para a família pago integralmente pelas empresas, manutenção das demais cláusulas da Convenção e piso salarial. De acordo com Roberto, o piso, que varia de acordo com a função exercida pelo trabalhador, foi retirado da Convenção há dois anos. Ele defende que não há motivos para que os patrões neguem as reivindicações, como têm feito, e afirma que, segundo o Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE), o setor da metalurgia no Espírito Santo cresceu 2,4% somente no primeiro trimestre deste ano.
Além disso, não sofreu com a pandemia do coronavírus. “A indústria não fechou. A Samarco, por exemplo, já estava parada por causa do rompimento da Barragem de Fundão, e não por causa da pandemia. Os metalúrgicos foram trabalhar, se expondo ao risco e levando o risco para as pessoas de casa. A negação das reivindicações é um ‘chororô’ das empresas sem nenhum motivo”, critica.