Os petroleiros ameaçam deflagrar greve em protesto contra a falta de ações da Petrobras de prevenção à Covid-19. O movimento é discutido pelo Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro/ES) e por sindicatos de outros estados, podendo ganhar alcance nacional. Segundo o diretor da entidade, Wallace Ouverney, não está descartado um movimento por tempo indeterminado, em vez de um único dia de paralisação.
No Espírito Santo, Wallace destaca a situação dos trabalhadores da plataforma P-58. Segundo ele, há quatro casos confirmados de Covid-19 e não se sabe a quantidade de trabalhadores que esperam resultado de exames, pois a Petrobras não informa. O diretor do sindicato afirma que dois dias antes de entrar na plataforma, os trabalhadores são testados. Entretanto, em alguns, mesmo dando negativo, a doença se manifesta depois de embarcado.
“A gente se preocupa com a contaminação na plataforma. A Petrobras tem que melhorar os métodos de testagem”, diz Wallace.
O petroleiro também denuncia que a estatal não está emitindo Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), nem as empresas contratadas, já que os trabalhadores infectados são terceirizados. Outra falha da Petrobras é a não testagem dos petroleiros que descem da plataforma.
“Quem desce não é testado, vai para casa, pode infectar a família. O Sindipetro que tem feitos os testes e disponibilizado hotel para proporcionar isolamento aos trabalhadores que solicitam”, afirma Wallace. O diretor do sindicato relata que a Petrobras faz testes somente em pessoas que trabalham no camarote, mas esses trabalhadores circulam por outras áreas da plataforma.
Os problemas na P-58 são recorrentes. No início de junho, o Sindipetro/ES solicitou à Petrobras testagem de Covid-19 e hospedagem em hotel para 10 trabalhadores que tiveram contato com colegas que apresentaram sintomas da doença. Entretanto, a estatal negou o pedido feito pela entidade, que, diante da recusa, pagou os testes e se disponibilizou a arcar com as despesas de hotel. O pedido foi feito pelo sindicato devido ao fato de que os trabalhadores tiveram contato com outros que apresentaram sintomas de Covid-19.
Casos
Desde o início da pandemia, o Sindipetro/ES tem cobrado da Petrobras medidas de proteção para todos trabalhadores, inclusive os que não são representados pelo sindicato, como fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
Em abril deste ano, 53 trabalhadores do FPSO capixaba, afretado para a Petrobras pela empresa SBM, testaram positivo para Codiv-19. Na ocasião eles foram encaminhados para um hotel na Grande Vitória para cumprir o isolamento.
Durante a pandemia, a categoria também passou por demissões, como as ocorridas em abril. Na época, segundo Wallace Ouverney, a Cozivip, empresa responsável pela alimentação nas plataformas do Espírito Santo e norte do Rio de Janeiro, em vez de afastar do trabalho as pessoas do grupo de risco, demitiu idosos, diabéticos, hipertensos, entre outros.