O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Espírito Santo (Sindibancários/ES) quer saber quais serão os impactos no Estado da reestruturação no Banco do Brasil, anunciada pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido) nessa segunda-feira (11). Para isso, solicitou informações oficias para a Superintendência Estadual da instituição financeira. A reestruturação, que conta com o Programa de Adequações de Quadros (PAQ) e o Programa de Desligamento Extraordinário (PDE), está sendo considerada pela entidade sindical uma atitude “com requintes de crueldade”.
Além desses programas, com a demissão de 5 mil empregados, a medida visa o fechamento de 361 unidades, mudanças em 870 pontos de atendimento por meio do fechamento de agências, escritórios e a conversão de 243 agências em postos; oito postos de atendimento em agências. Cento e quarenta e cinco unidades de negócios passarão a funcionar como Lojas BB; e está prevista também a criação de 28 unidades de negócios. Segundo a diretora do Sindibancários, Maria Gorette Barone, trata-se da pior reestruturação já vista no Banco do Brasil. “Os trabalhadores estão desesperados, apavorados com essa situação”, diz.
Maria Gorette afirma que no mesmo dia do anúncio da reestruturação, foram retiradas as gratificações de todos os caixas no Brasil, o que reduziu o ganho mensal deles em cerca de 50%. Além disso, ela explica que ao transformar agências em agências de negócios, os caixas também podem ser prejudicados, pois trata-se de um modelo que já vem sendo aplicado no Bradesco, por exemplo, e no qual esses profissionais são descartados, assim como os vigilantes. Outro problema, relata a diretora do sindicato, é que com o fechamento de agências bancárias podem ser transferidos para outros municípios ou até mesmo estados.
Essa possibilidade de transferência é uma das ações que fazem com que a reestruturação deixe de promover demissão voluntária para, na verdade, promover “demissão forçada”, conforme relata Maria Gorette. De acordo com ela, a impossibilidade de mudança do local de moradia pode fazer com que muitos desistam de trabalhar no banco. Não estão descartadas possibilidades de manifestação no Espírito Santo. O assunto será discutido em uma plenária geral com os funcionários do Banco do Brasil na próxima sexta-feira (15). Maria Gorette destaca que a reestruturação trata-se de um projeto de privatização.
“Não se tem mais privatização no modelo de venda do patrimônio público, mas sim, de sucateamento. A reestruturação é o encolhimento da atuação do Banco do Brasil para favorecer bancos privados”, diz a diretora do Sindibancários, que aponta o papel social do banco, destacando-o como o principal financiador da agricultura familiar no Brasil, além de ter papel importante de financiamento em outros setores, como o da indústria, e o fato de estar presente na maioria dos municípios brasileiros. Para Maria Gorette, há o risco de o banco sair dos rincões mais distantes e se tornar uma instituição financeira elitizada.