quinta-feira, novembro 21, 2024
24.4 C
Vitória
quinta-feira, novembro 21, 2024
quinta-feira, novembro 21, 2024

Leia Também:

Sindipetro inicia campanha contra venda da Petrobras no Estado

Valnísio Hoffmann destaca impactos ambientais o risco de reduzir royalties e postos de trabalho

O Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro-ES) deu início à campanha “Petrobrás Fica no Espírito Santo” por meio das redes sociais e articulação com a classe política capixaba. A iniciativa busca sensibilizar quanto aos impactos sociais, econômicos e ambientais que podem ser causados com a venda dos campos terrestres do norte do Estado, incluindo unidades administrativas, operacionais e o Terminal Norte Capixaba, nos municípios de Jaguaré, Linhares e São Mateus.

A entidade já se reuniu com o governador Renato Casagrande, os senadores Marcos do Val (Podemos) e Fabiano Contarato (Rede), os deputados federais Da Vitória (Cidadania), Ted Conti (PSB) e Helder Salomão (PT), e a estadual Iriny Lopes (PT). Também foi lançado o Comitê de Defesa da Petrobras, com o objetivo de cobrar publicamente de instituições e órgãos governamentais, parlamentares e sociedade civil um posicionamento sobre a permanência da Petrobras no Espírito Santo.

Segundo o presidente do Sindipetro no Espírito Santo, Valnísio Hoffmann, por ser sazonal, a produção de petróleo não resiste muito a crises econômicas. Ele afirma que a Petrobras se dedica a uma gama de atividades, como exploração, produção, distribuição e refino, conseguindo, portanto, suportar crises, o que não acontece com empresas de pequeno e médio porte, que são as que devem comprar as unidades e o Terminal. “Se vem uma crise e a empresa quebra, ela sai do norte do Estado deixando desemprego e desastres ambientais”, alerta.

Valnísio explica que o Terminal Norte Capixaba abastece os navios com petróleo. Para isso, faz a operação com uma espécie de tubulação flexível em alto mar, que leva o petróleo até a embarcação. A Petrobras tem toda tecnologia e equipe técnica necessárias para realizar o procedimento. “Um vazamento ali seria um desastre ambiental imenso. Não houve audiência pública para discutir a venda com a comunidade. Tem que levar em consideração, por exemplo, que a empresa tem que ter um capital mínimo, garantia da operação com segurança”, afirma. 
Outro problema, aponta, é o fato de que a Petrobras, ao perder espaço no Espírito Santo, acarreta a perda de royalties para o Estado e de projetos ambientais, culturais e sociais aos quais a estatal costuma apoiar. “Foi aprovada uma lei que estabelece que empresas de pequeno e médio porte podem reduzir os royalties de 10% para 5%, enquanto que a Petrobras, por ser de grande porte, não pode”, informa.

Destacam-se, ainda, segundo Valnísio, as perdas de postos de trabalho e a precarização dos trabalhadores. “As empresas que comprarem vão querer reduzir postos de trabalho para ter mais lucro, bem como benefícios. É comum entre elas, por exemplo, destinar o plano de saúde somente para o titular, excluindo os dependentes, o que não acontece com a Petrobras”.

Sobre os impactos ambientais, o presidente do Sindipetro acrescenta que, em São Mateus, o lençol freático é próximo ao reservatório de petróleo, portanto, operações sem segurança podem contaminar a água do lençol.


O processo de venda do Polo Norte Capixaba, que contempla os campos terrestres de Cancã (CNC), Cancã Leste (CNCL), Fazenda Alegre (FAL), Fazenda São Rafael (FSRL), e Fazenda Santa Luzia (FSL), começou no último dia 21 de agosto. Além do Terminal, o Polo abrange 269 poços, três estações de tratamento de óleo, quatro estações satélite, gasodutos e oleodutos. A venda, segundo o Sindipetro, fará com que o Espírito Santo perca de imediato 43% de receita, atingindo investimentos em políticas públicas como saúde e educação. Apesar de os impactos serem maiores onde a empresa atua, eles atingem todos os municípios, como afirma o sindicato.

Mais Lidas