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Temendo insegurança, trabalhadores optam por deixar Jurong, mas com direitos trabalhistas garantidos

Os trabalhadores metalúrgicos mantidos em cárcere privado por seguranças armados do Estaleiro Jurong Aracruz (EJA), no norte do Estado, conseguiram reverter a demissão para sem justa causa e poderão receber todos os direitos e garantias previstos na legislação trabalhista. Na última terça-feira (22), os trabalhadores foram retidos no estaleiro depois de terem se recusado a assinar a rescisão por justa causa, já que havia um acordo firmado no Tribunal Regional do Trabalho do Estado (TRT-ES) estabelecendo que não haveria demissões enquanto não fosse julgado o dissídio coletivo da categoria.

Na ocasião, os trabalhadores que se recusaram a assinar a rescisão foram mantidos na Jurong e foram vigiados por seguranças armados – alguns deles seriam policiais à paisana – e também foram impedidos de sair das instalações do estaleiro.

Nesta segunda-feira (28) foi realizada uma reunião na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) para resolver a situação dos trabalhadores demitidos. Eles conseguiram reverter a demissão por justa causa para sem justa causa. Os trabalhadores optaram por não permanecer na empresa, já que se sentem inseguros para continuar o trabalho na Jurong.

Agora, com a demissão sem justa causa, poderão receber todos os direitos trabalhistas e estão livres para buscar nova colocação no mercado sem a “mancha” na Carteira de Trabalho.

De acordo com o advogado do Sindicato dos Metalúrgicos do Estado (Sindimetal-ES), Rodolfo Fernandes, o dissídio dos trabalhadores está concluído, só restando o julgamento pelo TRT. Após o julgamento, a entidade deve ingressar com ação para reparação do dano moral coletivo por conta do incidente ocorrido na última semana.

Confira o vídeo do Sindimetal-ES contendo o relato dos metalúrgicos e imagens da coação

O Sindimetal registrou em vídeo o drama dos trabalhadores que foram mantidos em cárcere privado pela Jurong. No vídeo, o trabalhador Alfredo Neto Barbosa relata que no dia da coação os trabalhadores foram chamados a um anexo do estaleiro, no local, já havia policiais armados para fazerem a contenção que bloquearam a porta para que os trabalhadores não saíssem.

Alfredo disse, também, que é expediente comum na empresa vigiar os trabalhadores quando vão beber água e fotografar quando demoram muito no banheiro. “Não se pode fazer nada que não seja de acordo com o que eles querem”, afirmou ele.

O metalúrgico Leandro Silva Santos disse que quatro integrantes da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) foram demitidos, segundo a empresa por justa causa. No entanto, os metalúrgicos acreditam que foi uma retaliação por terem participado da greve dos trabalhadores realizada entre 31 de agosto e 17 de setembro.

Já o trabalhador Cristiano Oliveira Silva acrescentou que havia uma caixa de cassetetes no refeitório e que os metalúrgicos foram tratados como se fossem bandidos. Ele ressaltou que quando os trabalhadores foram pegar os pertences, os policiais acompanharam.

O advogado do Sindimetal ressaltou que desde a época da ditadura militar não ouvia mais falar de um tipo de atitude tão extremista e ilegal como a da Jurong. O sindicato entende a dispensa foi ilegal e discriminatória, feita para punir o trabalhador que exerceu o direito de greve.

A entidade vai buscar identificar os seguranças para saber quem é policial militar e abrir processo na Corregedoria da corporação. Rodolfo salientou que o estaleiro tem uma postura antissindical forte e não respeita a legislação brasileira.

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