Segundo dados levantados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza Pública, Asseio e Conservação do Estado (Sindilimpe-ES), em 2015 já foram demitidos mais de 10 mil trabalhadores, sendo mais de 8,9 mil no setor de asseio e conservação (atuação na limpeza terceirizada de prédios públicos e privados) e mais de 1,1 mil no setor da limpeza pública.
O sindicato considera que há uma bomba relógio que em breve vai explodir na limpeza pública de vários municípios, em especial em Vitória, Vila Velha e Aracruz (norte do Estado). A situação tende a se agravar com a chegada dos turistas nas cidades litorâneas.
Em Vila Velha, de acordo com o Sindilimpe-ES, os contratos de limpeza cobrem apenas o trabalho de segunda-feira a sábado. Apesar disso, os funcionários são obrigados a realizar a limpeza no domingo, sem hora-extra, em troca de uma folga em dia útil. Além de descumprimento da Convenção Coletiva de Trabalho, isso caracteriza, ainda de acordo com o sindicato, assédio moral.
Chips compulsórios
O Sindilimpe-ES denuncia, também, que em Aracruz os trabalhadores estão varrendo até cinco bairros por dia e, da mesma forma que acontece em Vila Velha, são obrigados a usar um chip de monitoramento via GPS que serve para penalizá-los caso saiam da rota prevista, mesmo que para beber água ou usar o banheiro.
Sobrecarga
A sobrecarga de trabalho, de acordo com o sindicato, se repete em Vitória, onde os trabalhadores, em número reduzido, percorrem grandes distâncias carregando ferramentas pesadas de trabalho. Além disso, o antigo problema da falta de banheiros persiste.
As demissões em massa atingem também os serviços de asseio e conservação de instituições públicas. Ocorreu diminuição do número de profissionais em contratos do governo do Estado e de muitos municípios em todas as regiões do Espírito Santo.
Há casos de escolas em que o serviço que era executado por 10 funcionários passou a ser feito por seis. Em outros, existiam cinco responsáveis pelas atividades e agora só restam três. Além de tirar o emprego de milhares pessoas, que em grande parte das vezes têm a única renda do domicílio, os serviços prestados à população perdem a qualidade.
“A situação é complicada e perigosa. Os trabalhadores e trabalhadoras não podem pagar a conta da crise. A população também tem que ficar atenta e cobrar porque, com as demissões, os serviços prestados não dão conta de atender as demandas e a nossa categoria acaba sendo sobrecarregada e adoece ainda mais”, alertou o presidente do Sindilimpe, Ailton Dias.