Antônio Braga, presidente do Sintec, diz que ato será contra privatização e pela manutenção do Acordo Coletivo
Os trabalhadores dos Correios realizarão uma assembleia nesta terça-feira (4), para deliberar a deflagração de uma greve a partir do dia 17, contra a privatização da empresa e pela manutenção do Acordo Coletivo aprovado em 2019.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Prestadoras de Serviços Postais, Telegráficos e Similares do Espírito Santo (Sintect-ES), Antônio José Alves Braga, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) havia aprovado a vigência do Acordo Coletivo por dois anos. Entretanto, uma liminar do ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Tóffoli, suspendeu a decisão.
“A empresa diz agora que somente a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] determina nossos direitos, tirando benefícios conquistados no Acordo, como o auxílio para trabalhadores que têm dependentes com deficiência”, informa.
Antônio destaca que, entre os dias 14 e 21 de agosto, haverá um julgamento no STF sobre a manutenção ou não da liminar do Dias Tóffoli, mas independentemente disso, a mobilização em torno da greve persiste. Ele relata que além de suspender as cláusulas do Acordo, os Correios também dobraram a mensalidade do plano de saúde e aumentaram a co-participação, o que tem feito com que muitos trabalhadores não tenham condições de pagar. Além disso, afirma, está havendo descredenciamento de médicos e hospitais.
Para o presidente do Sintec-ES, o governo Bolsonaro (sem partido) tem jogado a sociedade contra os trabalhadores dos Correios para facilitar a privatização.
“Antes o ‘gabinete do ódio’ buscava manchar a imagem da empresa. Agora, o alvo são os trabalhadores, com o discurso de que a população banca regalias, como se os Correios não fossem uma empresa lucrativa, que se mantêm por meio dos serviços prestados”, destaca Antônio, que relata que um dos benefícios que o governo tem dito que é regalia é o chamado Vale Peru. Trata-se, segundo ele, de um 13º do vale alimentação, no valor de cerca de R$ 900,00.
“Falam que temos regalias, mas o salário dos trabalhadores dos Correios é o mais baixo entre o de trabalhadores das estatais. E alguns benefícios foram agregados ao Acordo para tentar compensar o fato de não termos, muitas vezes, um reajuste salarial justo”, diz Antônio.
O presidente do Sintect-ES salienta que os Correios têm tido um lucro maior durante a pandemia em virtude do aumento de serviços de e-commerce.