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Unidos, trabalhadores da Garoto não aceitam perda de direitos imposta pela Nestlé

Corte pela metade do tíquete-refeição reduz em até 20% remuneração do empregado em plena pandemia

Divulgação

Fortalecidos pelo histórico de três décadas de lutas junto ao Sindicato nas negociações com a direção da Chocolates Garoto, os trabalhadores da fábrica capixaba, adquirida pela Nestlé em 2002, resistem aos ataques frontais aos direitos e conquistas trabalhistas da categoria impostos pela diretoria da multinacional.

A tentativa de cortar quase pela metade o valor do tíquete-refeição e da Participação em Lucros e Resultados (PLR), esta, atrelada ainda a um plano de metas, tem sido rejeitada seguidamente pelos trabalhadores desde o final de 2020, em sucessivas assembleias realizadas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Alimentação do Espírito Santo (Sindialimentação/ES), relativas à negociação dos acordos coletivos 2020/2021.


A última foi realizada durante os dias 19, 20 e 21 de janeiro, com expressiva participação, e rejeitou tanto as propostas para as cláusulas econômicas (tíquetes e outros benefícios) quanto a de PLR. Sobre o primeiro acordo, que inclui a indecorosa proposta de cortar quase pela metade o valor do auxílio-alimentação, obteve uma reprovação de 86,40%. Já o segundo acordo em negociação, que consiste na participação nos lucros, foi reprovado por 58,57% dos votantes.
“Em assembleias, os trabalhadores não aceitam negociar propostas que tirem direitos. Nestes últimos acordos, a defesa dos direitos está sendo prioridade. A categoria decidiu seguir no processo negocial por avanços e aguardar um retorno do grupo Nestlé”, relata a presidente do Sindialimentação, Linda Morais.
A greve, que já foi utilizada pelos colegas das fábricas em São Paulo em 2019, e foi cogitada pelos baianos em 2020, continua sendo uma alternativa na estratégia de luta capixaba, mesmo se tratando de um recurso que a categoria utilizou apenas uma vez, um pouco antes da compra da Garoto pela Nestlé. Mas antes, a expectativa “é que a Nestlé acate a vontade dos trabalhadores e mantenha o atual auxílio alimentos e pague a participação nos lucros”.
Elifas Medeiros

 Linda menciona com pesar o desfecho das negociações com os colegas da Bahia. Em outubro, os dois sindicatos se uniram em um ato nacional de luta, visando barrar a mesma proposta, que já vinham destruindo conquistas dos funcionários de outras fábricas da multinacional do país e na América Latina. Mas, vindos de um processo de precarização intensa desde 2017, os trabalhadores baianos não tiveram forças para resistir e cederam, assinando o acordo em novembro com cortes na PLR e tíquete.

A alta nos preços dos alimentos e outros itens essenciais, como gás de cozinha, deve permanecer nos próximos meses deste segundo ano pandêmico, contextualiza Linda. “Os trabalhadores trabalharam durante toda a pandemia. Agora é hora de valorização da categoria e renovação de todos os direitos. A redução no auxílio-alimentação vai impactar em uma redução de quase 20% na remuneração dos trabalhadores com salários menores, que são os que recebem o auxílio”, expõe.
Nesse contexto, afirma, “o Sindialimentação continua na luta pela garantia da dignidade dos trabalhadores. Não cortar quase 50% do auxílio alimentação, para nós, é uma questão de respeito”, ressalta.

A Chocolates Garoto é uma das mais lucrativas unidades fabris da Nestlé, esta eleita novamente a maior empresa de alimentos do mundo, segundo o Global 2000 de 2020, ranking elaborado pela revista Forbes junto às empresas de capital aberto mais poderosas do planeta. Com um lucro de 13 bilhões de dólares em 2019, elevado em 30% em relação a 2018, a empresa retomou o primeiro lugar na lista bilionária, que havia perdido para a Anheuser-Busch InBev naquele ano.


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