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Amarrações finais

Fusão do PSL e DEM, para formar um “superpartido”, une no Estado aliados e opositores de Casagrande

Leonardo Sá

As conversas avançadas em âmbito nacional de fusão entre o PSL e o DEM jogam luz no Espírito Santo, por significar reunir, no mesmo “superpartido”, lideranças políticas de extremos opostos em relação ao governador Renato Casagrande (PSB), candidato à reeleição em 2022. No primeiro caso, trata-se do partido do casal Norma Ayub e Theodorico Ferraço, adversário da gestão estadual e alinhado ao bolsonarismo, principal campo de embate do socialista. Já o PSL era oposição, mas saiu dessa condição quando teve o comando trocado de mãos no Estado. A mudança deu um “cavalo de pau” na legenda, antes liderada pelo grupo do deputado Capitão Assumção, que foi expulso e está no Patriota, para ser entregue, após costura pelo andar de cima, ao deputado estadual Alexandre Quintino, aliado da primeira fileira do socialista. O cenário capixaba se insere nas divergências ligadas aos comandos das executivas estaduais, ainda pendentes no processo de fusão. Também há obstáculos em relação aos palanques de 2022, porém, mais complicados em outras regiões, onde os dois partidos já têm, hoje, candidatos em potencial para o pleito majoritário, o que não é, por ora, o caso do Espírito Santo. Um novo passo da negociação, que tem interesse das cúpulas, está marcado para a próxima terça-feira (21), quando as respectivas Nacionais debaterão o assunto. Por aqui, importante lembrar: o ex-senador Ricardo Ferraço está na área, após trocar o PSDB pelo DEM, dando direção à legenda atual, e mantém relações próximas com Casagrande. Nessa “mistureba”, ficam as perguntas: quem assumiria a frente do novo partido? Ricardo Ferraço seria o nome de consenso? O casal Norma-Theodorico, que sempre deu as cartas partidárias, atuaria como coadjuvante? E Quintino? Já sobre 2022, o “superpartido” caminharia com Casagrande ou cabe outro projeto, para sustentar o palanque presidencial de terceira via também em articulação? No aguardo!

Não mostra o jogo
Logo que chegou ao DEM, Ricardo Ferraço foi incensado internamente para assumir uma candidatura ao Palácio Anchieta, como oposição a Casagrande. O projeto, porém, ainda não deu sinais de consolidação. O ex-senador passou anos aliado ao ex-governador Paulo Hartung, mas, em 2018, levou o PSDB para o palanque de Casagrande. Ele não tem aberto as atuais movimentações, nem seu plano pessoal, mas aparece nas cotações do Senado e Câmara dos Deputados.

Paralelo
Por outro lado, o DEM também andou se reunindo com o ex-prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), que pavimenta sua candidatura ao governo do Estado dentro do grupo político de Hartung. O projeto de uma candidatura de oposição é apoiado por Theodorico e pelo ex-presidente do DEM estadual – por alguns meses – Diego Libardi, que disputou a prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim, base eleitoral dos Ferraços.

Subiu o tom
Na Assembleia Legislativa, Theodorico, que era aliado de Casagrande e depois se declarou “independente”, elevou o tom nos últimos meses, com sucessivas críticas ao governo, em consonância com a ala bolsonarista da Casa. Exaltações à gestão federal também viraram comuns.

Subiu o tom II
O rompimento com o governador se reproduziu em disputas municipais do ano passado, principalmente no seu reduto, Cachoeiro. Por lá, ele escalou o apadrinhado político, Diego Libardi, para disputar contra o prefeito Victor Coelho (PSB), palanque em que o governador investiu. Nesse embate, não deu para Theodorico. Coelho foi reeleito com mais de 50% dos votos.

Pés pra fora
O PSL, como se sabe, também mantém em seus quadros, apenas por impedimento judicial, a deputada federal Soraya Manato e o deputado estadual Torino Marques, uns dos principais seguidores do presidente no Estado e do bloco fervoroso contra Casagrande. Os dois, porém, saem do contexto futuro, já que apenas aguardam a janela partidária.

Ganha-ganha
Apesar das possíveis saias justas, como a do Espírito Santo, a fusão do DEM e PSL tem sido vista, no âmbito nacional, como um grande negócio para as duas legendas. Informações divulgadas pela Folha de S.Paulo dão a dimensão…

Ganha-ganha II
…sobre as fatias do fundo eleitoral, em 2020, as legendas tiveram juntas R$ 138 milhões para a gestão dos partidos e outros R$ 320 milhões para utilizar nas eleições municipais. O total seria 60% maior que o caixa do PT, o mais gordo do pleito do ano passado.

Ganha-ganha III
Já a bancada na Câmara Federal subiria para 81 deputados – 53 do PSL e 28 do DEM, tornando-se a maior. No Senado, chegaria a oito cadeiras. Além disso, somaria quatro governadores – Ronaldo Caiado (Goiás), Mauro Mendes (Mato Grosso), ambos do DEM, e Mauro Carlesse (Tocantins) e Coronel Marcos Rocha (Rondônia), do PSL.

Decisões
Em meio às articulações, as duas legendas chegaram a emitir nota conjunta de repúdio aos ataques de Jair Bolsonaro nos protestos do 7 de Setembro e definiram, de imediato, que o novo partido não estará na chapa do presidente. Mas não endossaram, até agora, os movimentos em favor do impeachment.

Nomes
São cotados para a disputa presidencial nesse debate, na tentativa de consolidar uma terceira via: no DEM, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG) e o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta; no PSL, o apresentador de TV, José Luiz Datena. A nova sigla, apontam os dirigentes, mudará de nome e passará longe do número 17, que virou marca de Bolsonaro.

Nas redes
“E aí, pessoal do Twitter! Tô passando para agradecer todo o carinho que venho recebendo nesses últimos 15 dias em que estou internado. Ainda estou internado, mas estou me sentindo muito melhor. Com fé em Deus, logo, logo volto pra casa”. Ex-prefeito de Vitória João Coser, do PT.

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No ringue

Thedorico Ferraço, a cada sessão da Assembleia Legislativa, sobe mais um tom contra o governo do Estado


https://www.seculodiario.com.br/socioeconomicas/no-ringue

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