O cenário no Espírito Santo mudou com a eleição de Renato Casagrande (PSB) ao governo. Como uma boa bordadeira política, ele vem costurando um novo modelo previsto para girar em torno de si.
Estilo bem diferente do seu ex-aliado, o governador Paulo Hartung, que dominou o Estado até hoje com sua tradicional virulência intimidatória, que em breve será passado.
Casagrande atua com visão de longo prazo. Significa dizer que já está construindo um novo caminho em favor de sua continuidade. Basta ver o nó que ele deu em uma das mais promissoras figuras da política capixaba, que é o reeleito deputado estadual, Sergio Majeski, com o maior número de votos desta eleição.
Casagrande levou Majeski para o seu partido, fazendo-o crer na doce ilusão de que seria o seu candidato ao Senado. Eu diria que se ele fosse candidato estaria eleito, como o mais bem votado, pois é um momento político de aversão aos políticos tradicionais e Majeski não se inclui nesta configuração. O resultado mostrou isso.
Quer dizer, era um nome limpo para chegar ao Senado e, quem sabe, vir a ser candidato ao governo do Estado. Agora há poucas chances disto ocorrer. Casagrande o amarrou.
Relembrando o episódio da entrada do Majeski no PSB: ele foi convidado a entrar na Rede com a oferta de ser candidato ao Senado, mas rejeitou. Também foi assediado pelo PPS, do prefeito de Vitória, Luciano Rezende, e etc. Preferiu a companhia de Casagrande.
O deputado poderia, também, ter a opção de sair candidato à prefeitura de Vitória. Dos que estão aí até agora com esta intenção, nenhum deles tem “bala na agulha” para derrotar Majeski. Mas quem acredita que ele possa vir a ser candidato, se sequer foi recebido pelo governador eleito quando o procurou para discutir a questão da pasta da Educação, que é uma de suas principais áreas de atuação?
Este é o Casagrande, que naturalmente vai encontrar uma solução caseira para a eleição na Capital. Provavelmente, o mesmo candidato de Luciano, o deputado estadual eleito Fabrício Gandini (PPS).
Enfim, o processo político agora é outro. Está todo mundo na roda, sambando. Já tem vários candidatos a prefeito e a governador. Vide o caso do atual prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), que já é candidatíssimo ao governo, por mais que vá empurrando para frente esta sua definição.
Voltando a Casagrande, ele é tão sabido, que nesta montagem do secretariado, como um sistema para assegurar seu futuro, ele arrumou um secretário de Educação e da Fazenda distantes do sistema político, trouxe dois delegados federais para o seu governo, e outras figuras técnicas como essas que se caracterizam por não terem pretensão política a cargos eletivos.
É mais uma constatação de que ele veio, mesmo, para ficar.