Vereadores da base de Pazolini se insurgem contra secretário de Cultura, Edu Henning

A Secretaria de Cultura de Vitória, um dos “calcanhares de aquiles” do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), entrou na mira até de vereadores da base aliada. O mais emblemático, nada menos que o líder do Governo na Câmara, Leonardo Monjardim (Novo). Ele puxou, na sessão dessa quarta-feira (19), críticas à gestão de Edu Henning, quadro do PP e que assumiu a pasta em 2023, após histórico de polêmicas, denúncias e ações judiciais. “Não basta ser honesto, precisa de gestão”, disparou Monjardim, citando problemas com instituições e artistas. “Está deixando a desejar, infelizmente”, cravou. A reação veio de outro aliado de primeira fileira do prefeito, Davi Esmael (Republicanos), que cobrou lealdade do líder do Governo. “Estou em pleno desacordo com briga em público, problemas têm que ser resolvidos a portas fechadas”, respondeu, emendando: “muito me estranha essa queima de secretários”. Para se defender, Monjardim “chutou o pau da barraca” e até pediu a cabeça do secretário, a quem chamou de “mequetrefe”. A subida do tom foi atribuída por ele à “provocação” e ao “teatro” de Davi. Monjardim disse que é “1.000% fiel a Pazolini” e tinha feito, inicialmente, uma crítica “comedida” e elegante”. Depois, afirmou que líder de Governo “tem que ter coragem” e “não precisa ser subserviente”. Ele convocou Davi a colocar Edu Henning de frente com o setor e reclamou ainda de falta de diálogo, para então resumir: “o secretário não é ruim, é péssimo, nota zero”. Davi voltou na sequência e falou pouco, mas reafirmou: “sorrateiro”, “desleal” e “sabotou o prefeito”. O enredo não parou por aí.
No embalo
…as reclamações a Edu Henning também foram levantadas por mais dois vereadores aliados, Dalto Neves (SD) e Baiano do Salão (Podemos), que na semana passada, estavam no almoço com mais dez integrantes da base da Câmara, promovido por Pazolini e o presidente estadual do Republicanos, Erick Musso.
No embalo II
Dalto cobrou que secretário “tem que ter o mínimo de educação e respeito” e que Edu já afirmou que “não gosta e não quer conversar com vereador”. Também defendeu a troca por outro nome no cargo. Baiano do Salão foi na mesma linha…
No embalo III
…ressaltou que há muito tempo vem falando sobre Edu, que ele “não atende telefone e é arrogante”, e “já falou na minha cara que não tem que dar satisfação”. O vereador aproveitou para listar queixas que recebeu de artistas locais à falta de participação na programação da Arena Verão e questionou: “quais eventos culturais são levados às comunidades carentes?”.
CPI
Os vereadores do PL, Dárcio Bracarense e Armandinho Fontoura, que se declaram “independentes”, também entraram no jogo e foram além, sugerindo uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os atos da Secretaria de Cultura. “Nenhum secretário pode se furtar de conversar com o parlamento”, enfatizou Dárcio. Armandinho apareceu com um papel na mão: “já estou recolhendo assinatura para saída de Edu”.
Olha só…
O inusitado, desta vez, veio da oposição, com Professor Jocelino. O petista declarou que, ao contrário, já foi recebido por Edu. Se as demandas foram atendidas, ele já não sabe.
Bastidores
Na defesa do secretário, Davi Esmael acabou admitindo dificuldades com a ex-secretária de Assistência Social, Cintya Silva Schulz, um cargo técnico, recém-substituída no cargo pela ex-deputada federal Soraya Manato (PP), indicação política. Soraya, como se sabe, chegou à gestão de Pazolini após articulação de apoio com Carlos Manato (PL), que disputou o governo em 2022.
Confete
A nomeação, inclusive, virou uma “moção de aplauso” na Câmara nessa quarta, proposta por Armandinho, e aprovada por 12 x 2. Os votos contrários foram de duas mulheres da Casa: Karla Coser (PT) e Ana Paula Rocha (Psol).
Filme repetido
Jocelino se posicionou favorável à moção, mas lembrou que a pasta é “extremamente técnica” e espera que não aconteça como na gestão passada de Luciano Rezende (Cidadania). O vereador apontou que a Assistência Social virou “cabide político”, com “cinco ou seis trocas”, e “deu no que deu: foi péssimo”.
Mais um
Outra mudança no secretariado também entrou nos discursos. Armandinho disse que Coronel Ramalho (PL) vem aí – semana que vem – e que deveria assumir a Segurança Pública, que “não está a contento” e “nada melhor do que um caveira”. O cargo é ocupado por Amarilio Luiz Boni.
Calafrios
A provável chegada de Ramalho, na verdade, já causa calafrios em setores ambientais e movimentos sociais. Derrotado na disputa à Prefeitura de Vila Velha, ele seria escalado para Meio Ambiente, como divulgou o jornalista Vitor Vogas, do ES360. Assim como o caso de Soraya, a cadeira não faz o menor sentido para a trajetória de Ramalho. Terror e pânico desbloqueados.
Calafrios II
O secretário, hoje, é Tarcísio José Föeger, que já atuou na área em outras gestões e também no governo. Outro cargo técnico, que será “limado” devido às movimentações antecipadas para 2026, quando Pazolini tentará tirar o poder do grupo de Renato Casagrande (PSB).
Nas redes
“Vou tirar uns dias pra recarregar a bateria, mas o Espírito Santo segue em ritmo acelerado no comando do Ricardo Ferraço [MDB]”. Casagrande, governador do Estado e o seu candidato à sucessão.