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Caminhos inconciliáveis

Em Vitória, sem Audifax, Marina resume saída do ex-prefeito da Serra da Rede Sustentabilidade como “o custo de preservar a coerência”

Leonardo Sá

A presença em Vitória, nesta quinta-feira (28), da ex-ministra e deputada federal eleita por São Paulo, Marina Silva (Rede), para participar de atos em favor das candidaturas do ex-presidente Lula (PT) e do governador Renato Casagrande (PSB), como não poderia deixar de ser, esbarrou na situação estabelecida recentemente no Estado, com o anúncio de desfiliação da então principal liderança do partido durante sete anos, o ex-prefeito da Serra, Audifax Barcelos. Na contramão das decisões da Nacional, o que se acentuou após a derrota do primeiro turno, ele se negou a aderir ao palanque de Casagrande ou mesmo adotar a neutralidade, se alinhando ao lado extremo, bolsonarista, representado pelo palanque de Carlos Manato (PL). “Eu não costumo reescrever a história das pessoas”, afirmou Marina, ao exaltar que Audifax foi um “excelente prefeito” e “uma coisa não deixa de ser bonita e justa, porque foi feita por uma pessoa que eu discorde”. Reconhecendo o que já era claro, que as posições do ex-prefeito geraram divergências entre eles, fazendo-o entender que deveria deixar o partido, Marina pontuou: “Isso tem um custo para a Rede, mas é o custo de preservar a coerência”. Em tom enfático, a representante número um do partido no País, também reforçou: “A Rede, em nenhum momento, vai tergiversar sobre esse momento dramático do País”. Antes mesmo de seguir para os atos dos quais participou, na Praça dos Desejos, em Vitória, Marina Silva antecipou: vim pedir votos para Lula e também Casagrande”!

Fim da linha
As medidas tomadas por Audifax à frente da Rede, como se sabe, eram conflituosas desde o primeiro turno. A começar pela federação formada com o Psol, sigla que fingiu que nem existia durante a campanha. Também se manteve em cima do muro em relação à disputa presidencial, enquanto a Nacional manifestava apoio a Lula, e, na derradeira, fechou com o bolsonarismo.

Fim da linha II
A alegação de Audifax para não declarar apoio a Casagrande no segundo turno foi de que fez campanha criticando a atual gestão, recorrendo, também, à “coerência”. O ex-prefeito, porém, poderia declarar apoio crítico ou ao menos neutralidade pessoal. Só não tinha como, mesmo, virar aliado e cabo eleitoral de Manato, porque aí, de fato, passou muito longe e ainda pelo lado avesso.

Empenhado
Na tarde desta quinta, quando Marina se aproximava do Estado, Audifax participava de mais uma ação de campanha de Manato. Enrolado na bandeira do Espírito Santo, fez questão de postar nas redes sociais: “Que neste domingo a gente possa buscar o melhor para o nosso estado que tanto amamos! O potencial do ES é gigante e precisamos de melhorias para a nossa população. Dia 30, é Manato 22”.

Carreira solo
A aliança do ex-prefeito com Manato, também para refrescar a memória, foi isolada. A Rede capixaba declarou apoio a Casagrande, sua candidata a vice, Tenente Andresa (Solidariedade), também, e os partidos da coligação, Solidariedade e Avante, idem!

Artilharia
Por falar em Manato, sua campanha tem endurecido as acusações contra Casagrande nesses últimos dias. Nas ruas, durante as passagens de trios elétricos, tem sido comum ouvir, para além das pautas de extrema direita, referências ao governador somente como “Centroavante”, numa tentativa de ligá-lo, de todo jeito, ao caso Odebrecht, que veio à tona em 2017, por delação premiada do ex-executivo da companhia, Sérgio Neves.

Artilharia II
O apelido teve relação, na época, com uma lista de supostos beneficiários de doações irregulares, envolvendo vários políticos do Estado, inclusive Paulo Hartung (sem partido) – “Baianinho”. A existência do “caixa 2” sempre foi negada por Casagrande. Esse assunto, aliás, também foi explorado na eleição de 2018, pelo próprio Manato e Aridelmo Teixeira (Novo), mas não chegou a ameaçar Casagrande. Ele foi eleito com 55,5% dos votos, enquanto Manato bateu 27,6%.

Artilharia III
Nesta quinta-feira, vídeo sobre a pandemia do coronavírus repetiu as investidas bolsonaristas contra o governador, com críticas que passaram do “fique em casa”, “empresas quebradas” e “gastos de dinheiro enviado pelo governo federal”, e foram bem além: chegaram na acusação de “desvio de dinheiro”, dizendo que Casagrande “aprendeu com seu candidato, Lula”, e “não tem medo só de perder a eleição, mas de ser preso”. Preso? Mas, gente!

Final do tempo
Um dos vice-líderes do governo na Câmara Federal, Evair de Melo (PP), não é novidade, caminha distante do grupo de Manato. Os dois, inclusive, disputam o título de mais bolsonarista entre os bolsonaristas no Estado. Mas, agora, na reta final, não teve pra onde correr: o deputado também aparece em novo vídeo de campanha, exaltando sua “lealdade” ao presidente e o “carinho” do mesmo com Manato.

Ex-adversário
Reeleito este ano, Evair fez parte da equipe do ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon (PSD) no primeiro turno, mantendo-se fora da campanha de Manato. Ambos candidatos defendiam Bolsonaro e queriam legitimidade como palanques apoiados por ele, o que chegou a gerar atritos. Oficialmente, só Manato recebeu declaração do presidente, mesmo que sem pompa. Agora, Guerino e Manato caminham juntos, na oposição a Casagrande.

Nas redes
“Unidos pelo futuro do Espírito Santo, Luiz Paulo [Vellozo Lucas, PSDB] e eu caminhamos lado a lado em São Pedro conversando com moradores, comerciantes e trabalhadores sobre a importância de manter o nosso Estado no caminho certo”. João Coser, do PT, com seu um dia opositor, e, hoje, juntos em torno de Casagrande.

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