Manato se articula com militares, base que elegeu Bolsonaro e mantém, no Estado, tensões com Casagrande
No circuito para disputar novamente o governo do Estado em 2022, o ex-deputado federal Carlos Manato, depois de muito explorar a polêmica entre o presidente Jair Bolsonaro e governadores – Renato Casagrande (PSB) no meio – decorrente da condução da pandemia do coronavírus, engatou este mês a bandeira da Segurança Pública. Citando números do Espírito Santo, tem adotado estratégia que ultrapassa críticas à situação local, incluindo, também, debates em municípios e articulação com entidades representativas de policiais militares e bombeiros que compõem a Frente Unificada de Valorização Salarial (FUVS). Essas categorias, após período conturbado com Paulo Hartung, iniciaram o atual mandato alinhado com Casagrande devido às conversas que culminaram com a anistia referente à greve de 2017, mas o cenário logo mudou, tendo registrado uma série de cobranças e acirramentos relacionados a demandas como valorização salarial, pagamento de recomposição inflacionária e condições de trabalho. A esticada de corda no Estado envolve ainda os policiais civis, que igualmente já protagonizaram vários capítulos desde o início da gestão socialista. As forças de Segurança Pública se consolidaram, nas eleições de 2018, como uma das principais bases de Bolsonaro e, nessa mesma onda, emplacou cadeiras em legislativos pelo País. A relação sofreu abalos, por conta de promessas não cumpridas, atingindo, no entanto, mais os policiais civis e federais. Por aqui, em todas as esferas, a mira segue voltada apenas para Casagrande, a quem Manato faz ferrenha oposição e, tudo indica, voltará a enfrentar nas urnas. Um ponto importante, porém, continua em aberto: o candidato que já circula pelo Estado atrás de apoios e alianças ainda não definiu seu próprio destino partidário.
Segue…
No encontro de Manato com os militares, participaram a Associação dos Cabos e Soldados, Associação dos Bombeiros Militares do Estado (ABMES), Associação dos Militares da Reserva, Reformados, da Ativa da PM, do Corpo de Bombeiros e Pensionistas (Aspomires) e Associação dos Subtenentes e Sargentos da PM e do Bombeiro Militar (Asses).
Procura-se
Aliás, impossível não reparar nas fotos divulgadas nas redes sociais. Assim como prega e age o presidente, no encontro, quase ninguém usava máscara.
Interior
Na semana passada, Manato se reuniu ainda com militares da reserva em Colatina, noroeste do Estado. Também passou por João Neiva e Aracruz, na mesma região. Em Colatina, o encontro foi organizado por Luciano Merlo (Patri) e, em Aracruz, pelo Major Wallace Vieira (PRTB). Ambos apoiados por Manato em 2020, mas derrotados nas respectivas prefeituras.
Colado
Junto com Manato nessas articulações, o Tenente Assis (PTB), que já declarou candidatura à Câmara dos Deputados em 2022.
Leque
O PTB, do ex-deputado federal Roberto Jefferson e para onde Assis migrou este ano, é um dos partidos que estão no leque de possível aliança de Manato, além do ex-senador Magno Malta, do PL, que voltou às ruas de olho num projeto de retorno à política no próximo ano.
Reajuste
Voltando às forças de segurança do Estado, o assunto que mais “pega” atualmente é a recomposição inflacionária, que Casagrande alega impedimento devido à lei de Bolsonaro. As categorias têm recebido o reajuste salarial escalonado, conforme acordado pouco antes do início da pandemia, após intensa negociação. Neste quesito, ficaram em situação favorável se comparado aos demais servidores públicos.
Atritos
O assunto sempre vem à tona, em ofícios assinados pelas entidades e discursos na Assembleia Legislativa, principalmente, puxados pelo deputado Capitão Assumção (Patri) e Danilo Bahiense (sem partido), de oposição e ligados aos policiais e ao bolsonarismo.
Contexto
O governador disse, outro dia, que a revisão geral será debatida somente no próximo ano, quando vence a proibição da lei federal. Aí, entra em cena, com tudo, o contexto eleitoral. Quer dizer: ainda tem muito pra render!
Nas redes
“Estamos presenciando o aumento do número de pessoas em situação de rua e os locais destinados ao acolhimento dessa população já não comportam toda a demanda. Por isso, precisamos tomar decisões emergenciais e urgentes para que essas pessoas sejam acolhidas e protegidas”. Vereadora de Vitória Karla Coser, do PT.
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