Mais rápido do que o previsto, Bruno Funchal deixa cargo número dois do Ministério da Economia
A polêmica envolvendo o ex-secretário de Estado da Fazenda Bruno Funchal teve um desfecho mais rápido do que o previsto: ele pediu demissão, nesta quinta-feira (21), do cargo número dois do Ministério da Economia, de secretário especial do Tesouro e Orçamento. O mesmo fez o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, e os secretários adjuntos dos dois – Gildenora Dantas e Rafael Araujo -, somando quatro baixas de uma só vez na pasta, que já colecionava trocas no governo Jair Bolsonaro. O centro do problema, como analisado aqui na coluna passada, foi o anúncio do Auxílio Brasil, programa que substituirá o Bolsa Família, no valor de R$ 400, uma determinação do presidente Jair Bolsonaro. Funchal já havia se posicionado publicamente contra, em eventos da área financeira, já que a medida representaria furar o teto de gastos num total estimado em R$ 30 bilhões. O impasse na equipe econômica, primeiro, resultou no adiamento do anúncio do auxílio, que seria na terça-feira (19). No dia seguinte, porém, o governo federal o fez, reforçando o valor, além de apresentar “soluções” – leia-se manobras – para impedir o enquadramento em crime de responsabilidade. A “derradeira” veio em seguida, com o próprio ministro Paulo Guedes cedendo ao drible, com pedido de “licença” para furar o teto de gastos, o que provocou reações imediatas no mercado, com a alta do dólar e queda da bolsa. Tensões que aumentam agora, com as demissões e o aprofundamento da crise. Das cenas dos próximos capítulos e do futuro de Funchal, logo saberemos.
Uma atrás da outra
A nota do Ministério da Economia que comunicou os pedidos de demissão foi divulgada após outra investida no caso, que foi a formalização de uma proposta para garantir o aumento de gastos dentro do Orçamento de 2022, ano eleitoral, com Bolsonaro apostando tudo em busca da reeleição. O artifício também permitirá elevar as emendas parlamentares.
Comunicado
Minimizando os efeitos da insatisfação dos principais auxiliares de Guedes, o Ministério da Economia informou, em nota, que “a decisão de ambos é de ordem pessoal e que Funchal e Bittencourt agradecem pela oportunidade de terem contribuído para avanços institucionais importantes e para o processo de consolidação fiscal do país”.
Comunicado II
Disse, ainda, que “os pedidos foram feitos de modo a permitir que haja um processo de transição e de continuidade de todos os compromissos”. Não foi anunciado quem assumirá os cargos.
Vapt-vupt
No Ministério e no mercado, a saída de Funchal passou de fato a ser considerada como certa desde terça-feira, mas não tão rápida assim. “Uma questão de tempo”, previa-se nos bastidores, podendo ser tanto um pedido de demissão, como ocorreu, quanto uma “queda” imposta por Bolsonaro.
Mais baixo
O ex-secretário da Fazenda do governo Paulo Hartung defendia que o valor do auxílio fosse de R$ 300. O valor entraria no Orçamento por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, custeado com o retorno da taxação sobre os lucros e os dividendos, parte da Reforma do Imposto de Renda.
Degraus acima
Funchal, um dos pupilos de Hartung, traçava caminho semelhante ao de Ana Paula Vescovi, também sempre exaltada pelo ex-governador. Ambos comandaram a pasta estadual da Fazenda e depois foram para o Ministério da Economia. Ela, porém, no governo de Michel Temer (MDB).
Degraus acima II
Na pasta, Funchal começou como diretor de programa, foi promovido a secretário do Tesouro, e depois avançou ainda mais ao ser nomeado como secretário especial do Tesouro e Orçamento, cadeira que acaba de deixar.
Nas redes
“A posição de Bruno Funchal e Jeferson Bittencourt é coerente com a postura que ambos sempre mantiveram. O mesmo roteiro de sempre: no populismo fiscal, quem paga a conta são os pobres!!!”. Paulo Hartung, ex-governador do Estado.
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Os bastidores
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