Afinal, quem são os secretários-candidatos de Renato Casagrande que tanto incomodam os deputados estaduais?
Que a convocação feita pelo presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), aos 78 prefeitos do Estado, para debater nesta terça-feira (26) o Fundo Cidades (transferência de recursos do governo para as cidades capixabas), renderia algum desgaste para a gestão estadual, não restava a menor dúvida. O que não se esperava, talvez, era a concentração dos discursos de insatisfação na própria base de Renato Casagrande (PSB), devido ao mesmo contexto de outros episódios já registrados em plenário: as movimentações de secretários estaduais que são candidatos às eleições de 2022. O assunto foi puxado por Vandinho Leite (PSDB), ao manifestar apoio à aprovação do projeto, porém, com queixas referentes à distribuição desigual dos recursos a cada município e sem explicação dos critérios, indicando acordos, reuniões sem debate com deputados e suas bases, e motivações políticas. Daí vieram na mesma pegada Freitas (PSB), Renzo Vasconcelos (PP), Bruno Lamas (PSB) e, então, Erick, para finalizar subindo o tom das críticas. “É inadmissível que, ao apagar das luzes, secretários façam política eleitoral nas costas dos deputados”, apontou, reforçando que o fundo é “um cheque em branco”. Erick reiterou o posicionamento da própria base de Casagrande, “quem mais está sofrendo”, afirmou, cobrando providências para que “a pequena evolução da fervura não se torne uma panela prestes a estourar”. Sugeriu, ainda, uma emenda assinada por todos os parlamentares para criar um comitê para liberação de cada recurso, o que renderia muito mais capítulos na polêmica, e fez um aviso: “se não cessarem os ataques aos deputados, não nos cobre, num futuro próximo, por um diálogo um pouco mais duro”. Como tem sido recorrente, apesar de não fazer o menor sentido, ninguém citou nomes, a não ser o do governador. Freitas apenas disse a quantidade: dois. Afinal, quem são os secretários-candidatos que tanto incomodam a Assembleia?
Campeão
Pelo histórico de situações anteriores e das frenéticas articulações eleitorais, a aposta principal se volta para Gilson Daniel (Podemos), da Secretaria de Governo, candidato à Câmara Federal. Ele não para e recebe todas as condições e mais um pouco para pavimentar seu caminho até 2022.
Na boa
Tyago Hoffmann, “supersecretário” de Inovação e Desenvolvimento Econômico e apontado como postulante à Assembleia, também não tem passado batido pelos parlamentares. Antes, ele negava o projeto, dizia que era cedo, coisa e tal. Mas nas redes sociais, já começam a aparecer publicações do tipo: “A boa política se faz com colaboração e escuta ativa”. Assim como Gilson, está com a faca e o queijo na mão para a disputa.
Condições
No caso do secretário de Governo, tem lugar cativo em todas as solenidades oficiais, mantém o poder na prefeitura de Viana, visita os municípios, e realiza incontáveis reuniões com prefeitos e vereadores em seu gabinete. Já Tyago surfa no projeto Qualificar ES, também circula pelo Estado, e soma ações no seu reduto eleitoral, Guarapari, como o evento dessa segunda-feira (25) para a Ordem de Serviço das obras de contenção da erosão e restauração da Praia de Meaípe, demanda popular antiga.
De olho
O secretário-chefe da Casa Civil, Davi Diniz, como já disse aqui na coluna, também é assunto recorrente de discursos dos deputados em plenário. Mas, até então, não parece integrar o rol de ameaças vindas da gestão estadual para as eleições de 2022.
De olho II
Os demais comandantes de pastas estaduais que já são candidatos, como a vice Jacqueline Moraes (PSB) e a secretária de Turismo, Lenise Loureiro (Cidadania), não são citadas na Assembleia. O mesmo ocorre com Givaldo Vieira (PSB), diretor do Departamento de Trânsito (Detran). Jacqueline e Givaldo vão disputar a Câmara, Lenise está no campo da Assembleia.
‘Donos’
Freitas, aliadíssimo de Casagrande, não economizou e disparou contra os dois secretários, dizendo que se acham donos dos fundos, dos recursos e das políticas públicas, e os fazem de ferramenta eleitoral. Cobrou o governador a “passar a tesoura” e também avisou: a parceria da Assembleia com o governo não é incondicional. Já Renzo, em fala semelhante, apontou: “se o governador está mal assessorado, que troque, para continuarmos sendo base de apoio”.
Metas
Os parlamentares que colocaram a boca no trombone, bom lembrar, também trilham seus projetos. Freitas vai tentar subir o degrau para Brasília, na Câmara, assim como Renzo. Já Vandinho e Lamas são considerados candidatos à reeleição. E Erick é aquilo né, se movimenta para o Palácio Anchieta, mas também pode mirar na capital federal.
Estratégico
Como o negócio já estava muito favorável para a oposição, os deputados de oposição não se deram sequer ao trabalho de discursar. Nem mesmo os mais ferrenhos, como Capitão Assumção (Patri), Carlos Von (Avante) e Torino Marques (PSL).
Recreio
Aliás, o início da sessão desta terça foi mais barulhento do que recreio de escola. Quem falava, na hora, era o vice-presidente da Associação dos Municípios do Estado (Amunes) e prefeito de Ibatiba, Luciano Pingo (Republicanos). Educação passou longe!
Recreio II
A situação estava tão sem noção, que precisou o deputado estadual Bruno Lamas (PSB) pedir intervenção de Erick Musso para encerrar o constrangimento e estabelecer o silêncio no plenário.
“O vereador [Gilvan da Federal, do Patriota] que imita o presidente em tudo quis fazer hoje piada com o torturador [Ustra] da nossa presidenta Dilma. Isso é inaceitável! Não existe piada com a tortura, com a morte. Não me calarei diante de defesa de tortura e de ataques à democracia”. Karla Coser, vereadora de Vitória pelo PT.
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