Depois de Erick Musso, prefeito Lorenzo Pazolini: “Vitória é o farol e a esperança”

“Existe um farol no País. Vitória é o farol da boa gestão, a esperança. Os capixabas ainda sonharão com o que tem em Vitória nos 78 municípios capixabas”. A declaração é do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), e foi feita em tom efusivo durante a prestação de contas de sua gestão realizada na Câmara de Vereadores nessa quarta-feira (16). As frases repetem o discurso já inaugurado pelo presidente estadual do Republicanos, Erick Musso, em evento público, e remetem aos movimentos na direção da candidatura de Pazolini ao Palácio Anchieta em 2026. A fala do prefeito se somou, na sessão especial, a exaltações e pedidos de alguns vereadores da base aliada para que ele se candidate ao governo, e também a uma postura menos ofensiva do prefeito ao lidar com os questionamentos da oposição na Câmara. Pazolini se manteve moderado, fez gracejos, e até chorou no plenário da Câmara. Em certo momento, Armandinho Fontoura, do PL, sigla em negociação para aderir ao palanque de Pazolini, levantou a bola para ele cortar, em outra frente eleitoral que tem sido explorada agora, após anos de esquivas, que é marcar posição como político de direita e com críticas diretas ao Governo Lula. Outra “deixa” foi a pergunta sobre renovação no governo do Estado após 28 anos do ciclo alternado entre Paulo Hartung (sem partido) e Renato Casagrande (PSB). Pazolini não cravou que é candidato, mas se valeu de deixar claro nas entrelinhas e já colocou a vice no jogo: “Tenho certeza que a Cris [Samorini] tem condição de continuar cuidando de Vitória com muita competência”. Cris também estava por lá, à vontade e sorridente.
Discurso pronto II
As entrelinhas de Pazolini ao responder a pergunta sobre seu futuro foram no estilo habitual da classe política: “se for da vontade de Deus e dos capixabas”; “consultar minha família e aliados”; “se for coletivo”…junto com defesas de sua trajetória: “sou ficha-limpa”; “não aceito atos de corrupção”; “não enriqueci na política”…
Posição
Em relação à pergunta se era de direita ou esquerda, o prefeito ressaltou: “Eu tenho tranquilidade de dizer, sempre estive no mesmo lugar, sempre ocupei a mesma posição no espectro político-partidário-ideológico. Sempre fui um político de direita, de centro-direita”, citando ainda seu período como deputado estadual e as votações na Assembleia.
Posição II
Armandinho também pediu que Pazolini se manifestasse sobre a atual bandeira bolsoranista, da anistia, e o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. No primeiro ponto, ele repetiu o que já tinha defendido em nota que marcou essa virada de postura, de não mais omitir sua veia de direita. O prefeito falou em “anistia humanitária”, “é preciso olhar para frente”; e “sem revanchismo e perseguição”.
Passou batido
Já o questionamento específico sobre Alexandre de Moraes, Pazolini deu a volta e não respondeu.
Conveniências
A presença de Pazolini na Câmara foi antecipada neste início de ano e chamou atenção se comparada com polêmicas de anos passados, quando o prefeito adiou a obrigação prevista em lei. Karla Coser (PT), oposição declarada, considerou um “gesto apressado e inusitado, vindo justamente de quem, na gestão passada, tentou acabar com uma das prestações de contas anual. Interessante, não?”.
Escolhido a dedo?
A propósito, eis o provérbio lido por ela no início da sessão: “Como uma camada de esmalte sobre um vaso de barro, os lábios amistosos podem ocultar um coração mau. Quem odeia disfarça as suas intenções com os lábios, mas no coração abriga a falsidade. Embora a sua conversa seja mansa, não acredite nele, pois o seu coração está cheio de maldade. Ele pode fingir e esconder o seu ódio, mas a sua maldade será exposta em público”.
Confete e choro
Os momentos de choro do prefeito foram ao final da prestação, após as falas da vereadora Mara Maroca (PP), liderança comunitária da Grande São Pedro, e de João Flávio (MDB), também liderança comunitária, do Bomfim. Ambos rasgaram elogios a Pazolini e atribuíram a ele investimentos e mudanças antes não vistas nos bairros.
Ensaiados
Voltando a Erick Musso, citado lá em cima, vale repetir o discurso dele que analisei aqui na semana passada. Em evento para assinatura de ordem de serviço de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em São Pedro, ele também cravou sua estratégia e recados. “Vitória, sob liderança de Pazolini, tem sido uma luz no fim do túnel para o Estado e o Brasil”.
Ensaiados II
E disse mais: “Esse é o verdadeiro espírito público que nós precisamos ter, de não fazer política perseguindo as pessoas, sob o olhar da desconfiança, da chantagem e da pressão”; “precisamos fazer política dialogando, conversando, construindo, mas não em torno de um benefício próprio”.
Nas redes
“Enquanto o prefeito diz cuidar com carinho de São Pedro, na prática a administração vem se retirando da oferta do 9º ano na região. Os pais precisam de uma solução concreta: não dá pra jogar a responsabilidade de um lado pro outro enquanto a comunidade segue sem acesso ao que é um direito básico – educação pública de qualidade (…)”. Ana Paula Rocha, vereadora de Vitória, sobre uma das questões apresentadas a Pazolini.