Escolas testam nomes e se acotovelam no Carnaval. Quem chegará sem quedas ao desfile principal?
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O espaço na avenida da G.R.E.S Espírito Santo ficou apertado neste Carnaval. De olho em desfiles futuros, as escolas se organizam com antecedência, algumas com mais de um protagonista, para chegar ao final da passarela com a garantia de levar o título de campeão. É o caso do bloco comandado pelo governador Renato Casagrande (PSB). Com o resultado do último teste de lideranças políticas com a plateia no Sambódromo, saíram na frente o ex-prefeito da Serra Sergio Vidigal (PDT) e o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos). Casagrande, porém, também puxou para o pelotão da frente um integrante antigo da escola, o vice-governador, Ricardo Ferraço (MDB), que há tempos tenta conduzir o desfile, mas acaba derrubado na avenida. Os três andam, por ora, juntos e ensaiados, até a decisão final: o mais ovacionado pelo público neste ano, ficará com a chave palaciana do Carnaval de 2026, ameaçada por outra escola, que vem colada e apertando o passo. É o grupo liderado pelo prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), que depois de muito arranhar o samba, demarcou seu território e trabalha para virar o Rei Momo da G.R.E.S Espírito Santo. O nome que levantar a arquibancada agora já pavimenta o caminho e aquece o tamborim para o desfile principal. Regras essenciais: não pode tropeçar, cair, e fingir ter samba no pé e carisma, a bancada de jurados não perdoa, nem passa pano.
Samba-enredo
Com a máquina estadual e municipais nas mãos, as escolas têm um campo extenso para puxar o samba-enredo, mas correm risco de pecar pela mesmice. Só surge o repetido papo de obras e investimentos, e muitas poses para foto com o empresariado capixaba. Uma nota já arranhada, que só empolga a elite, e maquia o social e o ambiental. A plateia espera mais das duas escolas, muito mais…
Abre-alas
O carro de destaque deste ano fica com Casagrande, que conseguiu fechar quase todos principais municípios da Grande Vitória sob sua influência, o que é estratégico para o desfile de 2026. No balanço final, levou Serra, Cariacica e Vila Velha, e perdeu a Capital para Pazolini. Por ora, tem gingado e desenvoltura para disputar a liderança da ala do Senado, campo ainda incerto na escola adversária.
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Fantasia
Quem puxou a ala neste Carnaval foi o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (MDB), ora com as fantasias de Casagrande e seus aliados, ora com as fantasias de Pazolini e companhia, ora com as fantasias dos dois. Saiu-se bem do ponto de vista político, permanecendo em cargo de liderança, mas acabou confundindo a arquibancada.
Ala das Baianas
Os principais integrantes dessa ala este ano são do PL, do senador Magno Malta, e do PT, comandado pela deputada federal Jack Rocha. Representantes da polarização política, as legendas prometeram tudo e não entregaram – quase – nada na vitrine principal do desfile de 2024. De 50 candidatos, o PL só fez cinco prefeituras, e o PT, nem isso! De 18 nomes, ficou de mãos abanando, mesmo com Lula no reboque. Rodaram, rodaram, rodaram…bonito!
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Velha Guarda
Integrante de honra da ala, pelo longo tempo no Carnaval político capixaba, o ex-deputado estadual Theodorico Ferraço (PP) se mantém com samba no pé. Confirmou seu favoritismo na ala de Cachoeiro de Itapemirim (sul do Estado) e desbancou o grupo do até então líder, Victor Coelho (PSB), um dos “atropelados” da escola de Casagrande. Também com a corda toda, o ex-deputado estadual Dr. Hércules (PP), que depois de vários anos de desfile, chegou à ala de Vila Velha com o título de campeão.
Comissão de Frente
O bloco de Pazolini sai para a avenida com uma ala, digamos, diversificada, na tentativa de reunir o deputado federal Evair de Melo (PP) com o outro bloco bolsonarista que tem Gilvan da Federal (PL), e ainda o ex-governador Paulo Hartung, que está prestes a se filiar ao PSD. Tentativa para lá de ousada, já que uma liderança repele a outra. Se conseguirem conciliar interesses e perfis tão divergentes, ponto para a escola na disputa com o bloco de Casagrande. Mas, ainda assim, vai pecar pela falta de harmonia.
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Harmonia
Como esperado, essa é a ala de maior ameaça à pontuação da escola de Casagrande, pela péssima escolha de Felipe Rigoni como puxador dos demais integrantes. As decisões do secretário de Meio Ambiente impõem retrocessos e geram impactos ao Carnaval, além de enfrentar resistências de todos os lados, o que divide o grupo e desagrada os jurados. Para piorar, trocou o carro de destaque dos parques estaduais pelo da privatização, e arrancou vaias da plateia. Zero em todos os quesitos.
Bateria
A ala veio com três novos integrantes, Pablo Muribeca (Republicanos), o rei do chapéu e dos vídeos para as redes sociais; Júnior Côrrea (Novo), o ex-vereador, quase padre, e hoje vice-prefeito de Cachoeiro; e o senador Marcos do Val (Podemos), a polêmica em forma de SWAT. Muribeca até leva o ritmo e anima sua plateia, e deve ser presença nos próximos carnavais, mas também erra a mão e se atrapalha no holofote. Côrrea protagonizou um enredo e tanto para o desfile de 2024, mas no final, não passou de “muito barulho por nada”. E Do Val, é aquilo: só tem prejudicado o samba e ninguém entende mais nada!
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Conjunto
Casagrande apostou em mudanças na G.R.E.S Espírito Santo e trocou um tanto de integrante no primeiro e segundo escalão, já de olho no desfile do próximo ano. Com muita gente que entende mais de política do que dos assuntos para qual foram escalados no Carnaval, sem falar dos já desclassificados pelo mau desempenho na avenida no ano passado, resta saber se o conjunto evolui ou arranha o samba.
Mestre-sala e porta-bandeira
O casal Carlos e Soraya Manato insiste em tentar retornar à avenida, mas afastado dos desfiles desde 2022, perdeu gás e brilho. O primeiro aceno foi no ano passado, quando Soraya (PP) ressurgiu e disse que queria comandar a ala de Vitória. Foi ignorada pela escola. Agora, quem corre contra o tempo para tentar levar a ala do Senado é Manato (PL). A porta, porém, já foi fechada por Magno Malta, que não quer vê-lo nem no partido mais. Sem ensaios e contatos recentes com a plateia, os dois entraram na passarela de forma atropelada e tiraram pontos da escola.
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Evolução
Única mulher na Câmara de Vitória até o ano passado, a vereadora Karla Coser (PT) é o destaque da ala por conta do resultado alcançado perante a arquibancada em 2024. Foi a primeira colocada disparada e está nas cabeças para alçar funções mais altas na escola nos próximos projetos. Também chega à G.R.E.S Espírito Santo, a presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Erica Neves, a primeira mulher a comandar a seccional no Estado. Nota dez no quesito representatividade feminina.