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Estratégia em bloco

Entre alardes, como os de Assumção, avisos e mensagens nas entrelinhas, relatório das Forças Armadas vira novo gás nas mãos de bolsonaristas

Ellen Campanharo/Ales

Na véspera da divulgação e encaminhamento do relatório das Forças Armadas sobre o pleito deste ano ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesta quarta-feira (9), e ainda em meio a atos antidemocráticos que resistem nos estados, embora com força reduzida, bolsonaristas do Espírito Santo e do País usam como estratégia a propagação da medida, a fim de gerar expectativa entre aliados e seguidores. Por aqui, avisos nesse sentido foram replicados nas redes sociais nesta terça (8), em bloco. O candidato derrotado ao governo, Carlos Manato (PL), e sua mulher, a deputada federal Soraya Manato (PTB), se restringiram em divulgar o comunicado oficial do Ministério. O vereador de Vitória e deputado federal eleito, Gilvan da Federal (PL), reproduziu o documento no plenário, acrescido dos ataques de sempre, somado a jargões, suspeitas de fraudes – só na eleição presidencial, bom deixar sempre claro! – e em defesa de uma intervenção militar. Um dos vice-líderes do governo na Câmara, o deputado reeleito Evair de Melo (PP), escolheu uma postagem feita pelo próprio presidente Jair Bolsonaro (PL) em suas redes sociais. Trata-se de uma foto em que ele segura a bandeira do Brasil, sem legenda, que Evair colocou: “Pátria Amada, Brasil”. O senador eleito, Magno Malta (PL), responsável por sucessivas convocações à “resistência”, publicou uma passagem bíblica. Já o deputado estadual reeleito, Capitão Assumção (PL), adotou o tom de alardes. “Muita gente deve estar se entupindo de Rivotril, embaixo da cama, ou não vai dormir”, exaltou, fazendo questionamentos: “Alguém vai ter coragem de arquivar e expedir mandado de prisão para o general-ministro?”. Assumção disse ainda que o relatório será “definitivo”, a “bala de prata para colocar de vez o sistema comunista na lata de lixo”, e julgado pelo Supremo Tribunal Militar (STM). Não é esse o clima, porém, registrado no campo nacional e até internacional. Mas, sem dúvida, o tema vira gás novo nas mãos de bolsonaristas, com efeitos nos grupos que insistem em permanecer em frente aos batalhões, em defesa de um golpe. Veremos o que esta quarta-feira nos reserva!

‘Limpas e seguras’
Em meio a esse cenário, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entregou, nesta terça-feira, ao TSE, um relatório em que atesta que o “Brasil presenciou eleições limpas, transparentes e seguras”, sem “qualquer fato que aponte suspeita de irregularidades no processo de votação”. A informação é da colunista Malu Gaspar, de O Globo.

Não à toa!
O documento, prossegue a colunista, é resultado de uma iniciativa do ex-presidente do Tribunal Eleitoral, Edson Fachin, que resultou, em junho, no convite ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e outras entidades consideradas legítimas pelo órgão para fiscalizar as eleições deste ano, ampliando a tarefa para além dos militares, instrumentalizados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nadica de nada
O Tribunal de Contas da União (TCU) também informou que não encontrou divergências nos boletins das urnas eletrônicas – 604 ao todo – que foram analisadas durante auditoria realizada no segundo turno das eleições.

Movimentos
A estratégia bolsonarista desta terça ocorre junto com outros dois momentos. Um, o anúncio óbvio do PL, de que Bolsonaro ocupará cargo no partido e será o principal nome da oposição, além de já ter sido anunciado como candidato em 2026. Outro, a reunião de procuradores de Justiça com Alexandre de Moraes, apontando a existência de uma “organização criminosa”, que envolve empresários, no patrocínio de bloqueios nas rodovias. Luciana Andrade, do MPES, também participou.

‘Aguardar’
No PL, o anúncio foi feito pelo presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, que, veja só, também falou do documento das Forças Armadas e evitou reconhecer derrota de Bolsonaro. “Vamos ter que esperar o relatório. Temos diversos questionamentos que fizemos ao TSE [Tribunal Superior Eleitoral], vamos esperar essas respostas”, declarou à imprensa nacional.

Saindo de cena
Voltando a Manato, o candidato do PL, que logo depois da derrota declarou que irá se aposentar da carreira política, já começa a sumir do Facebook, espaço em que estava 100% assíduo. Última postagem foi no Feriado de Finados, de live realizada com bastante atraso por Bolsonaro, pedindo desocupação das rodovias. No Instagram, ainda rola uns posts, mas em ritmo mais lento.

Mesmo ‘disco’
Em sentido oposto, como citei lá em cima, Magno só pensa nas redes. Cita Deus em tudo, repete as críticas de sempre ao PT e ao ministro Alexandre de Moraes, convoca resistência a quem ainda permanece na rua, e manda notícias do acampamento da Prainha, em Vila Velha, em frente ao 38º Batalhão do Exército, que pede intervenção militar.

‘Comunismo’, de novo…
Somado ao objetivo antidemocrático do pleito, Magno publicou foto de uma criança deitada e enrolada na bandeira do Brasil, com a seguinte legenda: “Minhas netas foram dormir nas ruas com a mãe, Karla Malta, para não serem criadas no regime comunista amanhã!”. Esse tal de comunismo, hein?!

Nas redes
“Hoje [terça, 8], foi apresentada e aprovada na Câmara de Vitória, a urgência de projeto de lei que prevê a troca do nome da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Paulo Reglus Neves Freire, que será inaugurada no bairro Inhanguetá. Sem nenhum diálogo com a comunidade acerca da proposição, o debate da urgência no plenário foi um show de horrores! (…)”. Camila Valadão, vereadora e deputada estadual eleita pelo Psol.

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