Assim como em Brasília, bolsonaristas do Estado pressionam convocação de Casagrande para a CPI da Pandemia
Em Brasília e no Espírito Santo, os deputados bolsonaristas se movimentaram nesta terça-feira (11) para cobrar a convocação de governadores e prefeitos para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado. É que a estratégia articulada por eles na instauração do colegiado, de dividir o foco no presidente Jair Bolsonaro com gestores estaduais e municipais, ainda não se concretizou, nem tem data exata. Há duas semanas ativa, a investigação se concentra em ouvir ex-ministros da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), já acumulando duras declarações sobre as ações irresponsáveis do governo federal, incluindo o investimento em tratamento precoce, sem comprovação científica. A previsão é de mais oitivas com ministros e representantes do Instituto Butantan, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e de fabricantes de vacinas. Com o mesmo discurso repetido no Senado por parlamentares da base do presidente, de que o principal é investigar “os repasses, a corrupção e os desvios de verbas”, os deputados bolsonaristas do Estado, Torino Marques (PSL) e Theodorico Ferraço (DEM), levaram o tema para o plenário da Assembleia Legislativa, mirando mais uma vez no governador Renato Casagrande (PSB). Os disparos são os mesmos de sempre: “Onde foram parar os mais de R$ 16 bilhões enviados pelo governo federal para o Estado?”. Assunto já tão problematizado e rebatido, em nível local e nacional, na conhecida guerra de Bolsonaro com os governadores. Por enquanto, porém, Casagrande está fora do radar da CPI.
Sem lista
Sobre os prefeitos capixabas, ainda não há nomes “colocados na forca” pelo mesmo grupo nessa questão dos repasses. Logo mais aparece.
‘Vai chegar’
O presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz (PSD-AM), garantiu nesta terça que “a hora de investigar governadores e prefeitos vai chegar” e que a comissão vem tendo “um rumo natural em suas investigações”…
‘Vai chegar II’
…ele informou, ainda, que aguarda o envio de mais documentos, como comprovação de gastos, “para que estados e prefeituras sejam mais focalizados”.
Governadores
A comissão tem 299 requerimentos que podem ser votados nesta semana. No bloco, aparecem, até agora, pedidos de convocação de Rui Costa (Bahia), Hélder Barbalho (Pará), João Dória (São Paulo), Wilson Lima (Amazonas) e, como representante do Fórum dos Governadores, Wellington Dias (Piauí).
Prefeitos
Em relação a prefeitos, as informações oficiais da Agência Senado apontam para os de Manaus (AM), Chapecó (SC), Ilha Bela (RJ) e São Lourenço (MG).
‘Tempo hábil’
Único senador capixaba integrante da CPI e adepto da cloroquina, Marcos do Val (Podemos) seguiu, em suas redes sociais, na mesma linha do presidente Omar Aziz (PSD-AM): “certamente, haverá tempo hábil para outras convocações, inclusive de autoridades do ES, caso exista indício de crime”. Ele citou o caso de Manaus e as transferências de pacientes para o Estado, emendando: “Tudo isso será rigorosamente investigado”.
Sem rodeios
A intensificação das cobranças de bolsonaristas para investigação a governadores e prefeitos ocorre exatamente no dia da oitiva da CPI considerada até agora mais dura ao governo federal, do diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres. Ele criticou as declarações e ações negacionistas do presidente, que é seu aliado, e confirmou tentativa de alteração da bula da cloroquina, para ampliar o uso do medicamento na pandemia, além de criticar seu uso.
É mole?
Voltando a Theodorico, em seu discurso desta terça, o deputado classificou as inúmeras falas absurdas do presidente Jair Bolsonaro registradas durante a pandemia como “nervosismo ou cansaço”.
Nas redes
“Mais um dia de depoimentos na CPI da Covid-19 só confirmou o que já sabíamos: Bolsonaro é genocida!”. Helder Salomão, deputado federal pelo PT.
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