Apesar de declarar voto em Lula, ecos para fora do Estado indicam que Casagrande ainda quer manter distância da eleição presidencial
Embora por aqui as lideranças políticas tentem vender uma ideia de normalidade, as incongruências ideológicas e partidárias da “frente ampla” defendida e formada pelo governador Renato Casagrande (PSB) chamam atenção da imprensa nacional. E com informações adicionais! A coluna Painel, da Folha de S.Paulo, apontou recentemente que a estratégia do socialista, que firmou compromisso de pedir votos para Lula na eleição presidencial, é evitar a nacionalização da disputa ao governo e, inclusive, as visitas ao Estado da chapa Lula-Geraldo Alckmin (PSB). O entendimento é de que a presença dos dois poderá respingar na liderança do governador nas pesquisas divulgadas até agora e gerar incômodos às demais legendas que formam seu palanque. Além da federação PT-PCdoB-PV, o bloco reúne bolsonaristas convictos, do PP, e ainda o PDT e MDB, de aliados próximos, o prefeito da Serra Sérgio Vidigal e a senadora Rose de Freitas, cujos partidos também têm candidatos, respectivamente, Ciro Gomes (CE) e Simone Tebet (MS). Completam o arco de Casagrande o Pros, o Podemos e a federação PSDB-Cidadania. O contexto de se manter distante do pleito presidencial não se difere do que o governador já vinha adotando, até se empenhar em fechar a aliança com o PT, quando, enfim, declarou voto a Lula e garantiu fazer campanha para o ex-presidente, condições essenciais, ao custo, para o PT, de perder o palanque do senador Fabiano Contarato. O clima interno ficou péssimo, gerando divisões, o que mantém lideranças afastadas de Casagrande, como o próprio Contarato, bem como não há, por enquanto, a presença de Lula na campanha do governador. De olho nas próximas cenas…
Cadê?
Como já dito aqui, entre os quadros do PT, circula com Casagrande, mesmo, o grupo ligado ao ex-prefeito de Vitória João Coser. No mais, seguem todos distantes, com destaque, obviamente, para Contarato, que vinha pontuando nas pesquisas ao lado de Manato, o segundo colocado.
Caiu na conta
Depois da senadora Rose de Freitas (MDB), com R$ 3,5 milhões, seu principal adversário, Magno Malta (PL), teve o cofre eleitoral abastecido. O ex-senador agora conta com R$ 2 milhões, provenientes da Nacional do seu partido.
Caiu na conta II
Outra candidatura ao Senado que saiu do zero foi a coletiva de Gilbertinho Campos e Rafaella Machado, do Psol. O valor, também garantido pela Nacional, é de R$139,4 mil, bem abaixo do possível para a disputa, que chega a R$ 3,8 milhões. Os outros seis candidatos seguem com o caixa vazio ou com valores ainda irrisórios.
Fatias do bolo
Na disputa ao governo, os recursos chegam também a passos de tartarugas. Casagrande largou bem, com R$ 3,7 milhões, e, agora, Audifax Barcelos aparece com R$ 1,16 milhão, enviado pela Rede Sustentabilidade. Carlos Manato (PL) tem R$ 110 mil, Guerino Zanon (PSD), R$ 65 mil, e Aridelmo Teixeira (Novo), R$ 40 mil – ele é o candidato mais rico, acumulando mais de R$ 29,8 milhões em bens.
Voto evangélico
Por falar em Guerino, ele segue focado em circular com lideranças da Igreja Universal, como nesse domingo (28), em evento no seu reduto eleitoral, Linhares, norte do Estado. A dupla é a mesma: o bispo Alves e o vereador de Vila Velha Devanir Ferreira (Republicanos), candidato à Câmara Federal.
Hã?
O retorno do secretário de Cultura de Vitória, Luciano Gagno, menos de dois meses depois de exonerado, é justificado pelo arquivamento da denúncia por crime de racismo feita pela ativista Deborah Sabará. Para quem não se lembra, a gestão se negou a apoiar a Parada do Orgulho LGBTQIA+, porque, entre as palavras de Gagno, “a comunidade não faz parte da nossa política”. Esse arquivamento…que coisa, hein, Ministério Público Estadual (MPES)!
Palmas
Mas, na verdade, mesmo, o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), de todo jeito, arrumaria um jeito de voltar com seu secretário. Gagno coleciona problemas sérios à frente da pasta, e o prefeito sempre bateu palmas.
Esculhambação
Mais um início de semana, mais uma situação lamentável na Assembleia Legislativa. A sessão chegou a ser derrubada por falta de quórum, depois de 10 minutos de iniciada, mas aí houve movimentações, foi retomada, e ficou só nos discursos de poucos parlamentares. Por mais de uma vez foi feita chamada nominal, e a resposta era sempre “ausente”.
Nas redes
“Olha que pesquisa estranha. Na cidade natal do governador, com pouco mais de 29 mil eleitores, são ouvidos 163. E na Serra, que tem quase 350 mil eleitores, são ouvidos 14. Que proporção é essa? (…)”. Audifax Barcelos (Rede), em contestação à pesquisa Real Time Big Data/TV Vitória, divulgada na última quinta-feira (25).
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