Tropa de choque do senador Magno Malta e a repetição de um enredo fraco e vazio: a culpa é da “edição e da imprensa”
Assim como se esforçam bolsonaristas de vários estados desde essa terça-feira (23), incluindo os filhos do ex-presidente da República, deputados do PL no Estado também colocaram a tropa de choque em campo para tentar amenizar os impactos à imagem de um dos principais símbolos do grupo, o senador Magno Malta, devido às declarações racistas (descritas em notas abaixo) feitas ao comentar o caso envolvendo o jogador de futebol Vini Jr. Quem puxou a defesa, na sessão desta quarta-feira (24) da Assembleia Legislativa, foi o deputado Zé Preto, acompanhado na sequência de Capitão Assumção (PL), Hudson Leal (Republicanos) e Danilo Bahiense (PL). Na falta de terem explicações para as falas de Magno proferidas no próprio Senado, todos repetiram as justificativas de que o vídeo foi “cortado, editado” e se concentraram, mais uma vez, em atacar a imprensa, o que tem sido uma máxima dos seguidores de Jair Bolsonaro (PL) nos últimos anos. Hudson chegou, inclusive, a usar, para isso, outra expressão racista: “imprensa marrom, negra”. As críticas se limitaram ao deputado Sergio Meneguelli (Republicanos), neste caso de forma rápida, e, especialmente, à deputada Camila Valadão, do Psol, um dos partidos que já anunciou acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Conselho de Ética pela cassação de Magno Malta. “Não dá para autoridade pública passar pano e relativizar racismo”, protestou, apontando que as declarações do senador envergonham o Estado e o País, além de ser um desserviço à população. Definitivamente, não dá!
Só piora
Zé Preto tratou as matérias sobre o caso sobre “maldosas”, “sacanagem” e “injustiça” contra Magno. Assumção falou em “mídia assassina de reputações”. Hudson, além da frase citada acima, falou que a “imprensa faz isso diuturnamente”, e Bahiense deu parabéns aos três, reiterando os mesmos argumentos.
Só piora II
Magno também faz esse mesmo movimento nas redes sociais e, nesta quarta, usou a emissora oficial dos bolsonaristas, a Jovem Pan. Diz ele exatamente isso: fizeram um “recorte inadequado” de sua fala, foi “mal interpretado”, fez somente “uma analogia”.
Vidraça
O acionamento de aliados em todo o País decorre da crise que o caso instalou para um dos políticos mais próximos de Jair Bolsonaro. Nas redes sociais do senador, nem mesmo seus seguidores têm aliviado para o seu lado, entre eles, personalidades e artistas conhecidos da população.
Recolhidos
Na Assembleia, em meio aos ataques a jornalistas e exaltações ao correligionário, Zé Preto citou que “tem colegas querendo fazer nota de repúdio ao senador, eu quero fazer à imprensa”, indicando alguma articulação dos corredores. Mas, a não ser Camila, a única a falar depois da tropa, ninguém mais colocou a cara na reta.
Absurdos
As declarações de Magno foram feitas em sessão da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Ele classificou a mobilização e repúdios aos ataques contra Vini Jr. em jogo na Espanha, no último domingo (21), como “revitimização”, explorada pelas emissoras “porque o assunto dá Ibope para eles ganharem mais patrocinadores”. Depois, continuou…
Absurdos II
…”É um assunto que eu não posso falar em público. Mas quando o cara é picado de cobra, quando ele corre para tomar injeção, a injeção foi feita de que? De cobra. Então você só pode matar alguma coisa com o próprio veneno de alguma coisa. Então é o seguinte, cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco? O macaco está exposto. Veja quanto hipocrisia. E o macaco é inteligente, é bem pertinho do homem. Única diferença é o rabo. Agil, valente, alegre. Tudo o que você possa imaginar, ele tem”.
Absurdos III
O senador disse ainda que “se fosse um jogador negro, entrava com uma leitoinha branca nos braços em campo e ainda dava um beijo nela: ‘Olha como eu não tenho nada contra branco. Eu ainda como’. Então veneno se faz com veneno. As pessoas ficam insistindo nessa coisa de macaco. Daqui a pouco a associação de defesa dos animais, que não tomou a defesa, então fica revitimizando o Vinicius. Ao invés de colocar o menino lá em cima”.
Medidas
O Psol, de Camila Valadão, não foi o único a acionar o STF e o Conselho de Ética. Iniciativa semelhante fez o PT, anunciada pelo líder do partido, senador Fabiano Contarato.
Ainda não
Sobre os assuntos pendentes, a sessão desta quarta não serviu de “prova dos 9” para a nova regra do Código de Vestimenta instituído pelo presidente Marcelo Santos (Podemos). Sergio Meneguelli, protagonista da polêmica, participou de forma remota, portanto, livre das exigências.
Ainda não II
Já o deputado Lucas Polese (PL) sequer apareceu, ganhando mais uns dias para tentar amenizar os impactos do episódio da blitz policial na madrugada de um sábado, com carro oficial, quando se recusou a realizar o teste do bafômetro. O fato rendeu investigação do Ministério Público Estadual (MPES) e pedido de abertura de procedimento na Corregedoria da Assembleia.
Enquadramento
Nas fotos oficiais da sempre concorrida solenidade de Colonização do Solo Espírito-Santense, que marca o aniversário de Vila Velha, chama atenção que poucos políticos arrumaram um lugar à frente dos holofotes. Só posam para as fotos, ao lado do governador Renato Casagrande (PSB) e do prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos), os deputados estaduais Marcelo Santos (Podemos) e Tyago Hoffmann (PSB). Mais afastado, está Mazinho dos Anjos (PSDB). Geralmente, tem gente sobrando. A conferir!
Nas redes
“(…) O Judiciário precisa demonstrar seu compromisso no combate ao racismo, punindo com maior rigor aqueles que, amparados pelo poder e proteção de seus cargos públicos, sentem-se à vontade para disseminar preconceito e discriminação impunemente para com o povo negro”. Fabiano Contarato, senador pelo PT.
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