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Ladeira abaixo

Nésio no alvo, mais uma vez. No campo nacional e por aqui, a irresponsabilidade e o palanque “gritam”

Tati Beling/Ales

O apelo dos secretários estaduais de saúde, que virou uma “carta à Nação Brasileira” por medidas restritivas diante da gravidade da atual situação da pandemia do coronavírus no País, foi usado como munição pelo deputado bolsonarista Capitão Assumção (Patri), nessa segunda-feira (1), em mais um discurso com xingamentos no plenário da Assembleia Legislativa contra o secretário Nésio Fernandes, a quem sempre tenta desqualificar como médico e gestor. Integrante do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que assina o documento, Nésio replicou a decisão em suas redes sociais, considerando o colapso já registrado em vários estados, mas não anunciou a implementação por aqui, assim como também não o fez o governador Renato Casagrande. Por ora, os dois informaram, inclusive, o contrário: o cenário no Estado não exige novas restrições nem lockdown, embora possa piorar, e apresentaram uma estratégia de ampliar leitos até abril e a capacidade de testagem, além de pedirem, mais uma vez, respeito da população aos protocolos sanitários, o que, convenhamos, não tem acontecido. Citando a mesma carta, Assumção, que é defensor do tratamento precoce sem comprovação científica, contrário ao uso de máscara e a qualquer medida que reduza a interação social, fatores responsáveis pelo agravamento da crise e dos elevados números de casos e óbitos, já anunciou que o “secretário vai fechar o Espírito Santo” e que “o povo vai pra rua”, indicando a realização de protestos. É mais uma constatação de que, no campo nacional e por aqui, a irresponsabilidade e o palanque político, infelizmente, “gritam”.

Medidas
Os secretários defendem toque de recolher a nível nacional das 20 às 6h, como já tem ocorrido em alguns estados, além do fechamento de praias, bares e escolas. No caso de regiões com mais de 85% de ocupação nos leitos, a recomendação é pela adoção de lockdown. O Espírito Santo, hoje, está com 73% de ocupação, sem contar as ampliações anunciadas.

Medidas II
Enquanto os apoiadores do presidente reclamam, infectologistas renomados do País defendem até mais do que a carta dos secretários: lockdown de duas semanas, rígido, para interceptar as cadeias de transmissão do coronavírus. O toque de recolher no horário proposto, de menor circulação, é considerado insuficiente no atual cenário.

Conjunto
Com as sucessivas queixas de falta de uma coordenação nacional da condução da pandemia e, para que de fato tenha êxito, a defesa dos secretários é de que seja estabelecido um “Pacto Nacional pela Vida”, envolvendo todas as instâncias políticas, econômicas e sociais, como governo federal, Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF). Mas…

Lavou as mãos
…como esperado, no caso do governo federal, o Ministério da Saúde já se esquivou: cada estado e município resolve o seu.

Negação
Em seu Twitter, Nésio postou: “Recordes consecutivos. Como contar essa história no futuro? Será preciso proteger a verdade e os fatos para que não se repita a violência da mentira e da negação”.

Reações
No plenário da Assembleia, Assumção não falou sozinho nessa segunda. Foi rebatido pelos deputados Bruno Lamas (PSB), Iriny Lopes (PT), Adilson Espíndula (PSDB) e Dr. Hércules (MDB), que exaltaram o secretário e a condução da pandemia pelo governo do Estado.

Dinheiro
Outra frente de confronto aberta nesse final de semana pelo presidente Jair Bolsonaro, o repasse de verbas para os estados, também foi explorado por Assumção e, ainda, pela deputada federal Soraya Manato (PSL). Os números apresentados são superestimados e os repasses obrigações constitucionais, mas os dois espalham nas redes sociais: “cadê o dinheiro?”.

Dinheiro II
A divulgação dos valores pelo presidente gerou mais uma carta assinada por governadores e também repercute pelo País. No caso do Estado, Bolsonaro diz que enviou mais de R$ 21,6 bilhões em 2020, em decorrência da pandemia. Casagrande contesta: foram R$ 2,2 bilhões, o restante é referente a repasses constitucionais obrigatórios.

Detalhe…
Tanto a carta dos secretários estaduais de saúde quanto dos governadores tem adesões de aliados do presidente, igualmente insatisfeitos com a condução da pandemia e os constantes confrontos criados pelo governo federal, enquanto o País contabiliza cada vez mais mortes.

PENSAMENTO:
“Vamos juntos vencer a pandemia e os negacionistas”. Renato Casagrande

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