Hospital Materno Infantil volta ao “teste de paternidade”, com Audifax, Vidigal e Vandinho marcando território
A abertura de leitos do Hospital Materno Infantil da Serra para tratamento de Covid-19, nesta quarta-feira (7), reacendeu a antiga disputa de “paternidade” relacionada à unidade, cuja conclusão das obras foi aguardada por anos pelos moradores do município. A destinação ainda não atenderá a demanda original, já que terá sua função alterada para ampliar a rede de saúde nesta grave fase da pandemia, mas, em todos os casos, o hospital segue na mira de lideranças políticas, que reivindicam prioridade para “embalar a criança”. No ano passado, de eleições municipais, a questão era o burburinho em torno da entrega da unidade, no bairro Colina de Laranjeiras. O então prefeito, Audifax Barcelos (Rede), espalhou aos quatro cantos que o hospital era “a maior obra de seu governo”. Já o atual, Sérgio Vidigal (PDT), ex-deputado federal, exaltou o início do projeto em sua administração municipal e a destinação de emendas que, segundo ele, permitiram a conclusão das obras, mesmo tom adotado pelos deputados do município, Bruno Lamas (PSB), Alexandre Xambinho (PL) e Vandinho Leite (PSDB), todos ex-candidatos à prefeitura em 2020. Agora, com a destinação para a Covid, quase todos os atores voltam à cena para demarcar território. Sem mandato, Audifax apareceu nas redes sociais para falar do “filho bonito”, com críticas à demora do governo estadual. O vídeo, mais tarde, curiosamente, saiu do Facebook. Vidigal, agora dono da caneta, voltou a dizer que “trabalhou arduamente na liberação de R$ 45 milhões para o hospital” e que a utilização da estrutura para tratamento de Covid foi uma solicitação de sua gestão. Já Vandinho, pelo contrário, atribuiu a ele os pedidos ao governo de transformar a unidade, temporariamente, para Covid-19. No campo mais amplo, que remete à disputa estadual de 2022, o hospital também virou símbolo de cobranças ao governo Renato Casagrande (PSB), com incontáveis gravações de políticos em frente à entrada. Seja para ônus ou bônus, o Materno Infantil, como se vê, está longe de sair das arenas políticas.
Recuou?
O vídeo de Audifax mostrava uma matéria feita pela TV Vitória, em dezembro do ano passado, em que o ex-prefeito dizia que entregou o hospital em setembro para o governo. O secretário de Estado de Saúde, Nésio Fernandes, também foi entrevistado na época e alegou burocracias do processo de transição. Manifestando “tristeza” pela demora e com citação à pandemia, Audifax afirmava que Nésio reconhecia sua “paternidade”.
‘Muita luta’
Vandinho, por sua vez, divulgou assim: “Após cerca de um ano de muita luta e apelos feitos por mim ao governo do Estado, o Hospital Materno Infantil, na Serra, terá sua abertura antecipada (…). A previsão era de que o hospital só fosse aberto no fim do mês. Dialoguei muito com o Executivo estadual, e hoje tivemos essa boa notícia em meio a tantas tristezas. Demorou, mas conseguimos!”.
‘Únicos’
Até a ex-deputada federal Sueli Vidigal, mulher de Sérgio, entrou em campo. “Quero agradecer ao governador Renato Casagrande e ao prefeito Sergio Vidigal, os únicos responsáveis pela abertura do hospital”.
‘Únicos’ II
E prossegue: “Falar deste hospital me emociona muito, porque tenho toda a história dele passo a passo antes mesmo de nascer, quando eu e Sérgio buscamos realizar o sonho da cidade, primeiro foi o projeto, depois foi na captação de recursos em Brasília, e hoje ele está aqui, com o real objetivo nosso de salvar vidas. Não importa quantos padrinhos surgiram ao longo da história, o que me importa é que ele resistiu ao tempo e hoje podemos abrir as suas portas”.
Vários capítulos
Não acabou por aí. Na Câmara Municipal, a vereadora aliada de Audifax, Raphaela Moraes (Rede), também fez discurso nessa segunda-feira (5) atribuindo a obra ao ex-prefeito, “talvez a maior da história da Serra”, como exaltou, e no mesmo sentido do vídeo publicado por ele, de que “foi entregue há seis meses para o governo do Estado”. Como não poderia deixa de ser, houve reação da base de Vidigal.
Não é possível…
Inicialmente, serão abertos 30 leitos de enfermaria adulto no Hospital Materno e a previsão do governo, até o final de maio, é somar 152 leitos, sendo 19 de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Pergunta que não quer calar: toda vez que abrir leito, terá nova rodada de “paternidade”?
Investimentos
O governador Renato Casagrande afirmou que, para transformação da unidade, foram investidos R$ 12 milhões em estrutura física e compra de equipamentos. A Organização Social Associação Evangélica Beneficente Espírito-Santense (Aebes), que já detêm outros contratos em hospitais públicos, vai ser a gestora da unidade. As obras do Materno Infantil custaram R$ 100 milhões.
Nas redes
“O ES perdeu uma das suas maiores personalidades: o empresário, músico, escritor e presidente do grupo Rede Gazeta, Carlos Fernando Lindenberg. Cariê se notabilizou como defensor da democracia e da liberdade de imprensa. Sua história orgulha os capixabas. Siga em paz”. Renato Casagrande, governador do Estado.
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