Entre absurdos e embates na Câmara, vereador da base joga para cima de Erick: por que não propôs uma CPI para investigar o governo?
Muitos embates, outros tantos absurdos, e alguns pontos pertinentes marcaram a sessão da Câmara de Vitória dessa quarta-feira (17), que tratou da guerra declarada entre o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) e o governador Renato Casagrande (PSB). Uma das constatações: apesar de ter a maioria absoluta do plenário, desta vez, os discursos da base não “sobraram”, como de costume. Houve ataques e defesas de ambos os lados, não restritos, no caso contrário ao prefeito, à oposição direta. Do lado de Pazolini, os vereadores exaltaram a postura do prefeito, com elogios ao seu perfil de delegado, e a denúncia da suposta corrupção de direcionamento em licitação. A tropa foi formada por Gilvan da Federal (PL), Armandinho Fontoura (Podemos) e Denninho Silva (União). Do outro, a cobrança foi pela apresentação de provas e discurso em defesa da trajetória política de Casagrande, tendo como atores Anderson Goggi (PP), Camila Valadão (Psol), Karla Coser (PT), Luiz Paulo Amorim (SD) e Aloísio Varejão (PSB). Uma questão além foi apresentada por um vereador também da base de Pazolini, Luiz Emanuel Zouain (Cidadania): o presidente da Assembleia Legislativa (órgão responsável por fiscalizar o governo), Erick Musso (Republicanos), estava no momento da denúncia, por que não propôs uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)? “A Câmara não se furtaria, seria imediata”, comparou (há controvérsias, sempre). Cinco dias depois, o cenário é exatamente esse: Pazolini em silêncio, Erick também!
Mais uma pergunta II…
A questão levantada por Zouain entra no rol de perguntas até agora em aberto. Por que Pazolini não denunciou o suposto crime na época que ocorreu, em 2021, nem procurou os órgãos competentes, como o Ministério Público do Estado (MPES)? Por que não citou nomes nem mostrou documentos e provas? Por que esperou o período pré-eleitoral? Por que jogou a bomba e depois “mergulhou”?
Mais uma pergunta III…
No campo de Erick, nada ecoou também. Ele não tocou no assunto na Assembleia nem em canto público nenhum. A acusação não é grave o suficiente para receber atenção especial do presidente do legislativo? Vinda ainda de um aliado, de sua absoluta confiança?
‘Sem entrar no mérito’
Em contato com a coluna nesta sexta-feira (20), Denninho afirmou que, embora tenha repudiado críticas ao “palanque eleitoral” que foi o evento, “não entrou no mérito da denúncia feita por Pazolini. “Pelo contrário, no meu pronunciamento, deixei claro que tenho profundo respeito pelo governador, na qual classifico como uma pessoa séria, simpática e que dialoga”. As demais notas sobre o discurso do vereador em plenário, publicadas nesse quinta, seguem aqui, logo abaixo.
Dupla
Erick Musso, como se sabe, é pré-candidato ao governo do Estado, e tem em Pazolini seu principal cabo eleitoral. Há meses eles circulam em agendas juntos para colocar gás no palanque de Erick. No dia da denúncia feita pelo prefeito, não foi diferente. Era inauguração de uma escola, num bairro pra lá de estratégico, Jardim Camburi…não à toa, o evento foi cobiçado pelo deputado e um bonde de políticos, incluindo vereadores da Capital.
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Mas ao citar, nessa quarta, que a mesmo foi feita em local inapropriado, evento de palanque eleitoral, a vereadora Camila Valadão (Psol) despertou a “ira” de colegas de plenário, com destaque para Denninho Silva (União), que vai disputar, assim como ela, a Assembleia. “Vou acionar a Justiça para você provar essa acusação de crime gravíssima”, ameaçou. Mas, gente!?
Vitrines
Desde que a política é política, é só o que fazem os candidatos na corrida atrás dos votos. Quanto mais evento, agenda, aperto de mão e articulação, mais marcação de território. O Estado e os políticos capixabas não fogem à regra. É cada uma…
Abominável
Na Câmara de Vitória, a denúncia de Pazolini foi puxada em plenário pelo vereador bolsonarista Gilvan, que não só falou de Casagrande, seu alvo habitual, como fez acusações pesadas também à vice-governadora Jacqueline Moraes (PSB), acompanhado por Armandinho. Às quais, porém, recuso-me a reproduzir neste e em qualquer espaço.
Abominável II
Denninho focou mais nas questões eleitorais envolvendo Jacqueline, candidata à deputada federal, o que, até aí, estaria tudo bem, considerando os ânimos de toda disputa. Mas ficou insistindo em questionar a “religiosidade cristã” da vice-governadora, o que também é tão baixo quanto.
Então tá, então
Assim como o vereador do União, que avisou entrar na Justiça contra Camila, Armadinho disse que vai processar Jacqueline Moraes por campanha antecipada, e a Procuradoria Geral do Estado (PGE), que publicou a nota de reação da gestão estadual, informando ter acionado o MPES para que Pazolini comprove suas acusações.
Imbatível
E as sessões da Câmara de Vitória seguem sendo o pior programa para assistir dos últimos tempos…
Nas redes
“Minha mãe cozinha todo dia para pessoas em situação de rua. E também costura cobertores para eles. Hoje ela me falou com tristeza que 3 cobertores que ela distribuiu foram queimados (quando eles saíram para comer) por pessoas q não queriam que a população de rua ficasse no bairro. Aos que acham que podem ‘unir o Brasil’, eu já aviso que há diferenças irreconciliáveis (…). O diálogo com a barbárie é inconcebível”. Ethel Maciel, infectologista e professora da Ufes.
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Começou, agora termina…
https://www.seculodiario.com.br/socioeconomicas/comecou-agora-termina