Candidato ao governo em 2022, Carlos Manato tenta ampliar aceitação do seu nome para além do eleitorado bolsonarista
Há meses em movimentações no Estado para ser novamente candidato ao governo em 2022 como oposição a Renato Casagrande (PSB), o ex-deputado federal Carlos Manato (sem partido), que também iniciou recentemente uma campanha mais direta nas redes sociais, tenta se mostrar para o eleitorado como o “Manatinho, paz e amor”. Representante do bolsonarismo e “amigo” do presidente, como sempre faz questão de repetir, ele tenta, assim, ampliar a aceitação de seu nome, que não seja restrita ao alcance dos capixabas de extrema direita e ultraconservadores, conhecidos como eleitores fieis de Jair Bolsonaro. Em um cenário polarizado, Manato sinaliza mirar nos grupos que estão à espera de uma terceira via, o que já registra amplas articulações de autores no cenário nacional. Embora integre um dos extremos, por aqui, é ele que reivindica esse posto, apontando falta de alternância entre os grupos de Casagrande e Paulo Hartung (sem partido) há 20 anos. O enredo eleitoral do ex-deputado em seus perfis na internet começou, como analisado na coluna em meados de agosto, com a história básica que se repete em eleições, de exaltação à família, à superação e à trajetória. De lá para cá, além de atacar pontos sensíveis do governo estadual, como Educação e Segurança, já defendeu a vacina e a ciência, afastando-se da sucessão de absurdos protagonizados pelo presidente, ministros e seus seguidores durante a pandemia; se apresentou como do “diálogo com todos, esquerda, direita e centro”; e, nesta semana, inaugurou “o respeito por todas as religiões, não só aos evangélicos”. O estilo “Manatinho, paz e amor”, obviamente, não aparece todo ano, e desta vez chegou até cedo. Mas e aí, cola?
Urnas
Em 2018, com a onda bolsonarista em alta, Manato tentou se garantir nos votos destinados ao presidente no Estado, que não tem teve dificuldades em levar os dois turnos da disputa presidencial. O ex-deputado ergueu palanque pelo PSL e chegou a 27,22%, acima do esperado no decorrer da campanha e o adversário melhor posicionado, mas ainda afastado de Casagrande, com 55,49%.
Queda
A estratégia atual, já nas mãos de marqueteiros, visa a superar um possível “teto bolsonarista” no Estado, também debatido nacionalmente, após o fracasso da gestão federal, acentuado com a pandemia, as denúncias de corrupção e as ameaças às instituições e à democracia. Esse teto fiel é apontado, hoje, na casa dos 20% do eleitorado para o presidente, que buscará a reeleição.
Abrigo
Enquanto avança na campanha, Manato ainda patina na questão da filiação partidária. Há meses esperando Bolsonaro se decidir, permanece sem uma legenda oficial para chamar de sua. Como tudo deu errado para o presidente até agora nessa área, do pouco que restou, um dos “garantes” é o PTB, do ex-deputado federal Roberto Jefferson, preso em decorrência da investigação do Supremo às milícias digitais.
Abrigo II
Manato já mantém relações com o partido, que filiou este ano o Tenente Assis e, nesta semana, divulgou uma reunião com a executiva capixaba, quando comunicou do convite de filiação. O PTB também já abriu as portas para Bolsonaro há muito tempo, mas ele adia para o início de 2022 a decisão. Prazo que deve ser reproduzido por Manato.
Portas fechadas
O presidente, só para lembrar, primeiro fez esforços para criar o próprio partido, o Aliança pelo Brasil, mas não conseguiu. Nos últimos meses, articulou sua entrada no Patriota e PP, também sem sucesso, enfrentando resistências. O leque cada vez reduz mais.
Um atrás do outro
Definido o destino de Bolsonaro, deverão seguir atrás todos os órfãos do PSL no Estado, que saiu do campo de oposição para aliado do governador Casagrande. Além de Manato, sua mulher, a deputada federal Soraya Manato, e também os deputados estaduais Torino Marques e Danilo Bahiense.
Um atrás do outro II
Desse bloco, apenas Soraya e Torino permanecem no PSL, para não perder as respectivas cadeiras, apenas no aguardo da liberação para mudar, no início do ano que vem. Os dois são candidatos à reeleição.
Um atrás do outro III
O outro bolsonarista e eleito pelo partido à Assembleia, Capitão Assumção, está no Patriota desde o ano passado, quando disputou a prefeitura de Vitória. Mas o comandante estadual da legenda, o também deputado Rafael Favattto, é alvo constante de ataques dos seguidores do presidente. Motivo: é aliado de Casagrande.
Relações
Nos últimos tempos, Assumção está descolado de Manato, o que rende burburinhos nos bastidores. O deputado tem feito movimentos para fora, explorando as redes sociais. Com Favatto, ele mantém relação sem atrito público e com independência, apesar das divergências gritantes entre os dois. Fica na legenda ou sai atrás de Bolsonaro? A conferir!
Nas redes
“O que o Ministério da saúde fez hoje no Brasil foi uma campanha anti-vacina. Apresentar dados do sistema de evento adverso que apenas é notificação, sem uma investigação adequada, é uma afronta à saúde pública, uma irresponsabilidade e que precisa ser corrigida. Inaceitável!”. Epidemiologista Ethel Maciel, sobre nota do órgão que voltou atrás de decisão anterior e orientou não vacinar adolescentes sem comorbidade contra a Covid-19″.
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